320 bilhões de toneladas de CO2 pode ser evitado graças ao aumento do biodiesel na mistura do diesel, aliado também ao uso de hidrogênio verde
Atualmente, o biodiesel corresponde a 14% da mistura do diesel no Brasil. Contudo, se houver mais um aumento nessa composição pode diminuir significativamente a emissão de dióxido de carbono (CO2). Em suma, o potencial de elevar a mistura de biodiesel no diesel para 25% até 2035 faz com que o Brasil possa deixar de emitir mais de 320 bilhões de toneladas de CO2 na próxima década.
Projeto de lei
Além disso, o projeto de lei Combustíveis do Futuro, aprovado no Congresso e programado para ser sancionado em outubro, busca descarbonizar a matriz de transporte do Brasil, atualmente formada em sua maioria por caminhões. A proposta inclui a expansão do uso de biocombustíveis, como o HVO (Hydrotreated Vegetable Oil) e o SAF (Sustainable Aviation Fuel), bem como fortalecer setores como o etanol e o biodiesel, que já contribuem expressivamente para a redução das emissões de gases de efeito estufa.
Sobre o HVO
O HVO é um biocombustível produzido a partir de óleos vegetais ou gorduras animais que passam por um processo de hidrogenação. Já o SAF é um combustível sustentável para aviação, produzido a partir de matérias-primas renováveis, como óleos vegetais, resíduos agrícolas e resíduos sólidos urbanos.
Contudo, no caso do biodiesel, que pode diminuir em até 90% essas emissões dependendo da matéria-prima utilizada, o setor tem utilizado óleos residuais, como o óleo de cozinha, para produção.
Vale lembrar que em 2022, o setor de biodiesel consumiu em torno de 150 milhões de litros de óleo de fritura, evitando a contaminação de 3,8 trilhões de litros de água.
Hidrogênio verde
Já em relação ao hidrogênio verde. Trata-se de uma importante alternativa para os combustíveis fósseis. Sua produção tem o potencial de diminuir significativamente as emissões de carbono em diversos setores industriais, como siderurgia, química e agricultura, ao substituir combustíveis fósseis em processos produtivos.
Fernanda Delgado, diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (Abihv), e que já assinou Memorandos de Entendimento (MOUs) para novos projetos, sobretudo no Nordeste, diz que há uma estimativa de que o impacto dessa indústria no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro até 2050 seja de R$ 7 trilhões. Isso porque o hidrogênio verde integra um portfólio de soluções sustentáveis que contribui para a descarbonização, além de fortalecer a economia nacional ao alinhar a política industrial com a política ambiental.
Eletrificação de veículos
Há dois anos, a 99 adotou uma iniciativa voltada à eletrificação no mercado de aplicativos. Eles se baseiam nos três pilares do ESG. O primeiro é o impacto social aos motoristas, que podem economizar até 80% dos gastos de condução, com economia mensal de até R$ 3 mil. O segundo é o impacto ambiental, em que os veículos elétricos reduzem a emissão de poluentes. E o terceiro pilar é governança, que é essencial para estruturar tal transição.
Madeira para cozinhar
Segundo dados da PUC Rio, hoje, mais de 20% da população brasileira ainda usa madeira para cozinhar. Tal prática, muitas vezes esquecida em debates sobre energias renováveis e biocombustíveis avançados, reflete o atraso no uso da biomassa em muitas regiões do país.
Em termos globais, a situação pode ser mais alarmante ainda, uma vez que é o terceiro maior motivo de morte entre mulheres e crianças. Isso porque a pessoa acaba por inalar fumaça proveniente da queima de madeira para cozinhar. Por fim, estima-se que 4 milhões de pessoas morram todos os anos por conta de complicações respiratórias provocadas por essa prática.
Fonte: Foto de artemegorov na Freepik