Já são cerca de 200 agritechs concentradas tanto na cidade do interior paulista, como em outras regiões
Foi inaugurado recentemente em Piracicaba, um hub que conta com dez startups ligadas ao agronegócio.
As agritechs integrantes da Agtech Garage vão desde medir tamanho e espessura de uma árvore, utilizando uma mochila até pesar o gado de uma fazenda sem o uso de uma balança.
Essas empresas têm apresentado cada vez mais soluções para problemas que levavam muito tempo para serem resolvidos. Com isso, elas miram conquistar este mercado que segurou o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro nos últimos anos.
Em virtude da concentração de companhias de agronegócio nesta cidade, a região ficou conhecida como Vale do Piracicaba. O nome é uma alusão ao Vale do Silício, nos EUA, onde há uma alta concentração de corporações de tecnologia.
SISTEMA AUTOMOTIVO PARA MEDIÇÃO DE ÁRVORES
A startup Forlidar, instalada na hub usa tecnologia presente em carros autônomos para realização a medição árvores de forma remota. Na maneira antiga ou tradicional como conhecemos, só seria possível medir uma árvore a derrubando. O sistema da agritech é ativado por meio de um sensor, onde os objetos focados são escaneados. Com isso, é possível obter dados de altura, diâmetro e volume da árvore.
O modo de funcionamento da empresa é por meio de uma plataforma instalada dentro de uma mochila e o funcionário parte em uma caminhada pela floresta, captando as imagens que necessitam de medição. Fora isso, o tempo levado para concluir o processo é 10% menor que se tivesse sido realizado do modo habitual. O procedimento gera mais segurança, além de não ser preciso cortar uma árvore, reduzindo risco de desmatamento da região.
VALE DO PIRACICABA
Nem todas as empresas alojadas dentro da hub foram fundadas em Piracicaba. Porém, a maioria vem do interior paulista. Hoje, são cerca de 200 agritechs no país.
O objetivo é oferecer soluções aos produtores rurais, além de ensiná-los a utilizar da melhor forma as tecnologias desenvolvidas por essas startups. Sendo assim, o mercado agrícola ganha mais fôlego e crescimento.
Segundo o cofundador do Agetch Garage, José Tomé, Piracicaba concentra um CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) e parque tecnológicos. Além de instituições de ensino, como Esalq/USP, Fatec (Faculdade de Tecnologia) e uma unidade de inteligência da Raízen, ligada ao setor sucroenergético. Ela controla a operação das mais de 20 usinas do grupo de forma digital. Seu sistema permite alterar rotas de caminhões que abastecem com mais ou menos cana para moagem. E também conseguem otimizar reparos em máquinas que estejam dentro de veículos parados em uma rodovia, por exemplo.
OLHO DO DONO
Esta agritech do Espírito Santo não faz parte do hub de Piracicaba. Todavia, ela fornece ao mercado um dispositivo capaz de pesar 250 bois em apenas 20 minutos sem usar uma balança. A tecnologia utiliza um sensor e uma câmera 3D portátil. Com isso, toda vez que o boi cruzar este sensor seus dados serão armazenados. A base de informações registra pelo menos 500 características do animal, segundo o presidente da empresa, Pedro Henrique Mannato Coutinho. Como este banco de dados contém mais de 15 mil bois, a correlação é feita por inteligência artificial que converte essas particularidades em peso.
AVALIAÇÃO DO SETOR AGRO E AGRISHOW
Em entrevista à Folha de S. Paulo, o diretor executivo do banco Sicred e que também patrocina a hub, Gustavo Freitas disse:
“Piracicaba é uma cidade importante para o agro brasileiro e tem muita coisa se movimentando e acontecendo aqui nesse setor. Temos uma tradição muito forte no agro, boa parte dos financiamentos que a gente faz tem elo com o agro”.
No fim de abril, a última edição da Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), em Ribeirão Preto, reuniu dezenas dessas agritechs. O evento foi polo do fechamento de vários negócios para o setor. Entre eles, a Prime Field conseguiu fechar acordo para disponibilizar 80 bases móveis de wi-fi à Bunge Açúcar e Bionergia.
Já a startup israelense SeeTree oferece inovação na área de plantações permanentes, como as laranjeiras. Ela promove a resolução de problemas de saúde encontrados em árvores, como o greening, que é a pior doença detectada na citricultura.
Por fim, a AgroTools desenvolve produtos a partir de sistemas de observação da Terra. Essa proposta auxilia comerciantes de commodities a não utilizarem matérias-primas brasileiras que foram desmatadas recentemente.
*Foto: Reprodução / G1 – Érico Andrade