Fertilizante verde vindo de novas fábricas tem o papel de reduzir dependência brasileira de importação de modo sustentável
Em 2021, o Brasil consumiu 7,9 milhões de toneladas de fertilizantes em 2021, e aproximadamente 100% dos insumos utilizados na agricultura foram importados. Além disso, após o início da Guerra na Ucrânia, houve uma escalada de preços dos produtos e até uma ameaça de desabastecimento, o que provocou apreensão no agronegócio brasileiro.
Papel do fertilizante verde
Sendo assim, a alternativa para reduzir a dependência do adubo inorgânico está na sustentabilidade dos produtos. É o que apostam empresas que querem instalar novas fábricas de fertilizante verde em locais estratégicos para a produção agrícola do país. E ainda pode garantir o abastecimento interno, assim como a redução da emissão de gases de efeito estufa.
A última planta de adubo ecológico foi anunciada em Uberaba (MG), pela Atlas Agro Brasil Fertilizantes, com um investimento de R$ 5 bilhões e início das obras previsto para 2024. Ainda em Minas Gerais, a Verde AgriTech inaugurou uma nova planta com capacidade para produzir 1,2 milhões de toneladas de fertilizantes verdes por ano.
O que é o fertilizante verde?
Os fertilizantes tradicionais, especialmente os nitrogenados, são produzidos a partir de fontes de energia não renováveis, como o gás natural. Esse método produtivo eleva a pegada de carbono do agronegócio e ainda causa uma dependência do Brasil pela importação dos insumos. Isso porque a capacidade nacional não é suficiente para atender a demanda interna.
Por outro lado, os fertilizantes verdes são fabricados com emissão zero de gases de efeito estufa. O processo envolve a combinação de hidrogênio com o nitrogênio, ambas substâncias disponíveis na atmosfera, para a síntese da amônia, matéria-prima para adubos como ureia e nitrato de amônio, usados em grande quantidade na produção agrícola.
Entretanto, a produção do insumo ecológico é totalmente livre das emissões de carbono, uma vez que a mineração de fosfato e outras atividades podem utilizar subprodutos do petróleo. Por sua vez, os combustíveis fósseis ainda são necessários para tarefas de apoio para a distribuição e comercialização dos fertilizantes verdes, como o transporte.
Descarbonização do agronegócio
A descarbonização do agronegócio é uma tendência mundial irreversível. Com o aumento populacional do mundo, que deve se aproximar das 10 bilhões de pessoas em 2050, conforme estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU), a necessidade de produção de alimentos aumentará. Mas, as emissões de carbono devem ser reduzidas.
Neste caso, os fertilizantes verdes contribuem para alcançar as metas climáticas de redução de emissões e a geração de crédito de carbono por utilizarem menos combustíveis fósseis na sua fabricação. Com o insumo ecológico, a cadeia produtiva da agropecuária pode ser descarbonizada sem a necessidade de alteração das operações, processos e práticas agrícolas.
Já as emissões geradas direta e indiretamente pelos insumos nitrogenados correspondem a 18,4% das 577 milhões de toneladas de CO2 equivalente emitidas pela agricultura e pecuária brasileira em 2021. Por fim, a substituição dos fertilizantes produzidos por fontes fósseis pelo produto ecológico é capaz de reduzir até 90% da pegada de carbono desses produtos.
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