Importação de grãos ocorre em meio à demanda por fertilizantes, que está mais forte
Na última quarta-feira (4), veio a público um auimento de milho e trigo diante da quebra de safra no Brasil. E isso tudo em meio à demanda por fertilizantes que está mais forte. Resultado: a logística para escoamento desses produtos importados deve ficar apertada. É o que revela o diretor-executivo da Anda (Associação Nacional para Difusão de Adubos).
Importação de grãos – situação atual
Essa situação provocou um gargalo recente em porto de Santa Catarina. De acordo com o executivo Ricardo Tortorella, o país importou em torno de 80% do fertilizante consumido em 2020.
Além disso, o país aumentou em 11,1% as importações de fertilizantes no ano passado, para 32,87 milhões de toneladas. Enquanto que a produção nacional caiu 10,5%, para 6,37 milhões de toneladas. Os dados são da Anda e foram apresentados no seminário promovido pela consultoria da Datagro.
Tortorella disse ainda que neste primeiro semestre a produção brasileira de fertilizante seguiu em queda, com 11%. Em contrapartida, a importação de grãos disparou 23%. O executivo explicou que em relação à quebra de safra, que resultará em elevação de importações.
“O problema de dependência do exterior de certa forma começa a se agravar um pouco mais… há 15 dias, o porto em Santa Catarina teve problemas de muita entrada, isso se agrava conjunturalmente com as geadas.”
Porém, com a quebra de safra por seca e geadas, o Brasil tem elevado ainda mais suas importações de milho, causando um impacto econômico para Santa Catarina.
“Com a possível a perda das safras também concorre a importação, que começa a chegar um pouco maior, em Santa Catarina teve problema com a entrada de fertilizantes.”
Estoques de fertilizantes
Em relação aos estoques finais de fertilizantes, o executivo ressaltou que o setor encerrou 2020 com queda de 8,7%. Isso resultou em pouco mais de seis milhões de toneladas. Enquanto isso, a demanda cresceu 11,9% em 2021. Sendo assim, as entregas totais somaram 40,56 milhões de toneladas em 2020, conforme cálculos da Anda.
Todavia, ele aponta que o setor precisa se atentar mais para gerenciar a logística.
“Precisa ser bem feito, com muita atenção, para atenuar os riscos…”
Para ele, a demanda dos produtores está forte, mesmo com a alta dos preços dos fertilizantes. Isso porque a relação de troca entre produtos agrícolas e insumos continua favorável ao agricultor.
Fluxos de oferta de logística
Por outro lado, ele destacou problemas de “fluxos de oferta de logística” no ano passado, em razão de questões associadas à pandemia. Consequentemente, isso colaborou para a elevação de insumos.
Importação de milho
Em compensação, a importação de milho pelo país praticamente dobrou no primeiro semestre. Hoje, ela é de mais de 900 mil toneladas, apesar da maior parte ter vindo do Paraguai, via modal rodoviário.
Já no segundo semestre, a logística deve se concentrar nos portos, à medida que começou a chegar o cereal da Argentina, que vem de navios.
JBS
Neste cenário, a empresa JBS informou que está trazendo o correspondente a 30 navios com milho da Argentina. E ainda prevê que o país importará ao menos quatro milhões de toneladas de milho neste ano.
Em 2020, as importações do cereal somaram 1,37 milhão de toneladas, segundo números do governo.
*Foto: Divulgação/ AENPr