Lavouras de soja no RS tiveram perdas em razão das enchentes que assolam o estado; perda é estgimada em até 5 milhões de toneladas, sem contar os impactos em grãos que estavam armazenados.
A destruição das lavouras de soja no Rio Grande do Sul pode elevar os preços do óleo, das carnes de frango e de porco, afirmam consultorias do setor. Isso porque o farelo do grão é a principal base proteica da ração destes animais.
Além disso, o Rio Grande do Sul é o segundo maior produtor da leguminosa do Brasil e, no 1º trimestre, foi o responsável por manter em alta os níveis de exportação, após a seca enfrentada pelo Centro-Oeste.
Vale destacar que antes da catástrofe o estado iria colher aproximadamente 30% da safra. Já a expectativa era de que o estado colhesse cerca de 20 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Lavouras de soja no RS
Além disso, a estimativa do tamanho da perda das lavouras de soja no RS, mas no pé, varia, segundo especialistas do setor: de 2,5 milhões a 5 milhões de toneladas. E também há as perdas não estipuladas da leguminosa que estavam em silos e armazéns.
Dados da Abiove
Na última quinta-feira (9), a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) divulgou um ligeiro aumento de 100 mil toneladas na estimativa da safra de soja do Brasil, cuja colheita está perto de ser finalizada. Porém, não contemplou eventuais impactos das enchentes no Rio Grande do Sul.
Como a soja afeta o preço dos alimentos
A queda nas exportações após a perda no RS pode provocar uma disputa pela soja como matéria-prima.
A ração animal feita com soja é usada, sobretudo, para as cadeias de frango, carne suína e para o caso de criação bovina em confinamento. Nas duas primeiras é a principal base proteica para a alimentação. E com a ração mais cara, os preços podem refletir nas gôndolas do supermercado.
Em relação à alta do óleo de cozinha, o item impulsionaria também os preços de outros óleos vegetais para o consumidor.
Mas, para ter certeza dessa alta, será preciso acompanhar as perdas no campo por todo o mês de maio, aponta Luiz Fernando Gutierrez, consultor da Safras & Mercado.
Quebra na safra era prevista
É preciso lembrar que mesmo antes das chuvas, o Brasil já sofreria uma quebra na safra de soja. Isso ocorre quando o volume colhido é menor do que o estimado no início da safra.
Uma das razões era a seca no Centro-Oeste brasileiro, que já prejudicava a colheita. Do mesmo modo, o preço do grão sofria queda nas bolsas internacionais, seguindo um movimento que afeta as principais matérias-primas agrícolas exportadas, as commodities.
Levantamento da Pátria Agronegócios
De acordo com o levantamento da Pátria Agronegócios, haveria uma perda de 23 milhões de toneladas de soja em relação ao potencial produtivo, ou seja, a capacidade do Brasil de produzir.
Seria, até então, a segunda maior quebra da história, menor apenas que a da safra de 2022, em que a perda foi de 25 milhões de toneladas.
Entretanto, tal quebra estava sendo segurada pela expectativa de uma safra recorde no Rio Grande do Sul.
Além disso, as exportações de soja do Brasil bateram recorde no 1º trimestre deste ano, refletindo negociações realizadas ainda no ano passado, revelou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Valor do grão atual
Agora, após fortes chuvas no Rio Grande do Sul e nos Estados Unidos, além de greves na Argentina, o valor do grão já apresenta uma tendência da alta nas bolsas, diz Gutierrez, da Safras & Mercado.
As perdas na produção podem fazer os agricultores reduzirem a exportação, para deixar mais grão no mercado interno.
Com isso, as vendas para fora devem ser menores que as do último ano, quando somaram 101,3 milhões de toneladas.
Por fim, o mercado interno entra com maior presença no 2º semestre do ano. Ainda assim, as filas de espera para a compra externa de soja em maio seguem em patamares recordes.
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