A produção de grãos tem atingido cada vez mais níveis elevados. Com isso, maior é o uso de agrotóxicos na intenção de controlar plantas invasoras e pragas. Mas o aumento de doenças também é um reflexo deste crescimento. No entanto, também há uma preocupação entre os agricultores de como fazer o descarte correto de embalagens desses materiais.
Um exemplo disso consta do livro do pesquisador Maurício Waldman, “Lixo: Cenários e Desafios”. Ele explica que a agricultura e pecuária são responsáveis por 58% dos resíduos gerados no país. E não para por aí, nos últimos anos um outro agravante surgiu. Sobre isso, Waldman afirma:
“O lixo rural está muito mais tecnificado e vários elementos como embalagens de vacinas e de agrotóxicos, plásticos, pneus, óleo lubrificante e até lixo eletrônico, estão misturados ao resíduo orgânico. Isso ocorre porque a logística no campo está muito mais complexa”.
No entanto, os resíduos gerados pela agricultura devem ser avaliados como um todo para saber a melhor forma de reaproveitar este material. A professora e conteudista na área de geociências e meio ambiente, Aline Carneiro Silverol, relata que quanto mais mecanismos forem criados para esta finalidade, maior o tempo de vida de materiais que antes seriam facilmente descartados, gerando mais acúmulo. Em contrapartida, muitas vezes, deixar de reaproveitar algo significa falta de pesquisa.
O descarte correto de embalagens só beneficia o produtor
Hoje em dia dá para aproveitar as embalagens que armazenam os insumos agrícolas e resíduos orgânicos. Eles podem virar um novo material e serem utilizados no próprio trato cultural e em cascas. Além de resíduos animais usados na recuperação de áreas degradas e até em restos de podas.
Ultimamente, a técnica de logística reversa tem ganhado destaque. Sua finalidade é demonstrar que o período de um material não é terminado na entrega do produto ao consumidor. Ao contrário, no caso da agricultura, o produtor rural é estimulado a fazer a tríplice lavagem das embalagens e sua devolução. Na sequência, ele providencia seu transporte até um centro coletor. O local armazena este material até que indústrias especializadas passem para recolhê-lo. É ela quem dará o destino final dessa embalagem.
Centros coletores
Estes núcleos de coleta estão espalhados pelo país. São cooperativas criadas por meio do trabalho do Instituto Nacional de Políticas de Embalagens Vazias (INPEV).
Atualmente, 95% das embalagens são recicladas. No entanto, os 5% restantes, que não foram lavadas ou estão contaminadas, estas sim são enviadas para serem incineradas. Somente em 2018, o instituto descartou corretamente 44.261 toneladas de embalagens vazias.
Benefícios da logística reversa
De acordo com o sócio-diretor da Neotech, José Affonso dos Reis, os produtores mais atentos às questões ambientais só tem a ganhar com o benefício da logística reversa. Além de gerar uma competitividade ao setor.
Ele ainda afirma:
“Antigamente, era comum utilizar as embalagens para guardar mantimentos e até armazenar o leite que era distribuído para a família. Resultado: diversos casos recorrentes de contaminação”.
Todavia, sobre isso, um estudo realizado pela Fiocruz estima que de 2007 a 2014, mais de um milhão de brasileiros foram intoxicados por agrotóxicos. Desse total, um quinto eram crianças ou adolescentes.
Perigo dos agrotóxicos
Todavia, mesmo que o uso do agrotóxico ainda seja necessário na agricultura, seu uso é extremamente prejudicial aos seres vivos. Uma contaminação pode ser desencadeada a partir disso, além de poluição da água, ar e solo, caso sua aplicação não seja feita corretamente.
Reis finaliza:
“Por isso, é preciso utilizar a tecnologia existente e aprimorá-la cada vez mais para evitar que esse produto seja absorvido pelo solo e chegue aos rios e lençóis freáticos e contaminem o ambiente”.
Fonte: Revista Rural
*Foto: Divulgação / Carlos Barbosa