A associação beneficente leva assistência médica a 50 aldeias de Rondônia por meio de sua gestão no Hospital Bom Pastor
De acordo com o Censo de 2022, conduzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população indígena no Brasil é de aproximadamente 1,7 milhão de pessoas, correspondendo a 0,83% do total da população do país. Mais da metade desse grupo está concentrada na região da Amazônia Legal.
No contexto da saúde indígena, a alta incidência de tuberculose, malária e desnutrição entre essa comunidade tem gerado preocupação entre gestores de políticas públicas e instituições de saúde. Assim, essas entidades precisam adaptar suas abordagens para oferecer atendimento humanizado, levando em consideração os aspectos culturais dos povos originários.
O que é saúde indígena?
No Brasil, o subsistema de saúde indígena faz parte do Sistema Único de Saúde (SUS) e é gerido pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI). Esse subsistema tem como objetivo proporcionar um atendimento de qualidade que respeite as práticas tradicionais de medicina dos povos originários. Além disso, ele garante infraestrutura e contrata profissionais qualificados para atuar em áreas remotas.
Com o objetivo de atender às necessidades dessas comunidades, a Organização Social Pró-Saúde oferece serviços de gestão hospitalar e implementa iniciativas que levam atendimento médico humanizado às comunidades indígenas nas regiões da Floresta Amazônica. Dentre as unidades administradas, destaca-se o Hospital Bom Pastor, em Guajará-Mirim (RO), que adaptou sua estrutura e atendimento para garantir o respeito e a preservação dos 6 mil indígenas que residem na região.
Com o objetivo de oferecer um atendimento humanizado tanto aos pacientes quanto aos seus acompanhantes, o hospital estabeleceu uma parceria estratégica com as Casas de Apoio à Saúde Indígena (CASAIS). Atualmente, a unidade administrada pela OS Pró-Saúde atende 50 aldeias e realiza partos para moradores de cidades fronteiriças.
Adaptações implementadas pela Organização Social Pró-Saúde
Para promover um atendimento inclusivo, o Hospital Bom Pastor disponibiliza uma área externa com redes (redário) e adaptou os quartos para esse tipo de acomodação. Além disso, a unidade mantém uma horta medicinal e permite que pacientes indígenas tenham mais de um acompanhante, valorizando o apoio comunitário e familiar.
Para superar as barreiras linguísticas, o hospital contratou quatro técnicas de enfermagem fluentes em idiomas indígenas locais. Ademais, os pacientes têm acesso a uma Oca indígena, espaço onde podem permanecer durante o tratamento.
O acompanhamento nutricional também é adaptado e inclui um cardápio com alimentos tradicionais das aldeias. A administração da OS Pró-Saúde garante a separação entre pacientes indígenas e não indígenas, proporcionando mais conforto e respeito às diferenças culturais.
Desafios e avanços da saúde indígena
Os povos indígenas se relacionam em harmonia com a natureza, e o vínculo com seus territórios é fundamental para sua identidade. Contudo, a exploração dessas regiões para fins comerciais afetou a infraestrutura e contribuiu para a proliferação de doenças, aumentando a vulnerabilidade da população indígena.
As dificuldades de acesso a áreas remotas e as barreiras culturais e linguísticas também dificultam que essas comunidades recebam serviços de saúde. Mesmo assim, iniciativas como as do Hospital Bom Pastor e da atuação da OS Pró-Saúde na Amazônia têm promovido avanços significativos no campo da saúde indígena.
Atuação da Organização Social Pró-Saúde na Amazônia
Desde 1997, a associação beneficente de assistência social e hospitalar atua nas regiões da Floresta Amazônica, gerindo unidades localizadas no Acre, Mato Grosso, Rondônia e Pará.
Entre esses hospitais, o Hospital Bom Pastor, unidade própria da Pró-Saúde, oferece atendimento humanizado e adaptado para receber comunidades indígenas. Em sua atuação na Amazônia, a Pró-Saúde reduziu os casos de malária em 23 comunidades ribeirinhas de Oriximiná (PA), além de criar projetos de apoio para mães e recém-nascidos, realizar ações de preservação ambiental e incentivar o empreendedorismo feminino.
História da Pró-Saúde
Há mais de 50 anos, a OS Pró-Saúde se consolidou como uma das principais instituições de gestão de serviços de saúde e administração hospitalar no Brasil. A associação atende regiões metropolitanas e áreas remotas, sendo a gestora que mais certifica hospitais e unidades de saúde no país, todos reconhecidos pela ONA.
Fundada em 1967 como Associação Monlevade de Serviços Sociais, a Pró-Saúde assumiu a gestão de serviços de saúde em cidades de Minas Gerais e, posteriormente, foi reconhecida como um serviço de utilidade pública no estado.
Em 1996, a associação passou a se chamar Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, mais conhecida como Pró-Saúde. Entre 2002 e 2014, a entidade recebeu mais de 10 prêmios e certificações, destacando-se entre as maiores empresas do país em diversos rankings.
Em 2016, a Organização Social Pró-Saúde obteve a certificação ISO 14001, reafirmando seu compromisso com questões ambientais. Durante a pandemia de covid-19, a associação disponibilizou 838 leitos, sendo 495 para internação e 343 para UTI.
Além disso, a Pró-Saúde geriu o Hospital de Campanha do Hangar durante a crise sanitária, mantendo os estoques abastecidos com 40% de economia de recursos, tornando-se uma referência nos cuidados aos pacientes afetados pela doença.
Foto: https://unsplash.com/pt-br/fotografias/uma-mulher-idosa-com-um-tambor-na-mao-eXLhhGIcdtU