Plano de demissão da Embrapa chega em um momento em que a empresa passa por reestruturação, que envolve expansão de seus sistemas de produção sustentáveis
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) concluiu neste ano um plano de demissão voluntária, com adesão de quase 1.200 funcionários. Isso ocorre em um momento em que a empresa passa por reestruturação, que envolve expansão de seus sistemas de produção sustentáveis. A afirmação é do presidente da estatal, Celso Moretti, divulgada ontem (4).
Plano de demissão da Embrapa
Ele afirma ainda que o plano de demissão da Embrapa vai permitir uma economia à empresa de R$ 250 milhões por ano. Todavia, Moretti não revelou o gasto total com o programa. Porém, haverá certo impacto social em relação aos funcionários. Isso porque o presidente disse em uma entrevista coletiva virtual que a empresa já fechou 14 dos 16 escritórios de negócios espalhados pelo Brasil, pois grande parte não cumpria os objetivos propostos.
Além disso, a estatal também eliminou 41 cargos comissionados. Atualmente, a Embrapa possui 8.200 colaboradores, sendo que 2.200 deles são pesquisadores.
Em razão da situação fiscal que o país enfrenta hoje, os cortes no orçamento da empresa reflete no sentido dela começar a implementar um sistema de gestão integra que “vai colocar a Embrapa em outro patamar”, completa.
“A Embrapa vai seguir entregando valor para sociedade, contribuindo para que a agricultura seja movida a ciência, mas ela está fazendo seu dever de casa, melhorando sua eficiência, seu trabalho organizacional.”
Metas
Em relação ao plano de demissão da Embrapa, ele também envolve metas vinculadas à gestão atual que vai impactar até 2030. Isso inclui: reestruturação e algumas alterações já em andamento.
Negociações
Contudo, o presidente admite que há uma negociação com os ministérios da Agricultura e da Economia a fim de recompor algumas vagas de pesquisador e analista. Porém, reforçou que até 2021 estão vedados concursos públicos que não estavam previstos:
“Vamos trabalhar para recompor a força em algumas unidades, mas estamos trabalhando para redistribuir a nossa força de trabalho. Algumas regiões estão bem aquinhoadas e em outras regiões temos déficit. A partir do ano que vem vamos começar a nos planejar para que, a partir de 2022, possamos pensar em fazer concursos.”
Sustentabilidade
Por outro lado, sobre as metas vinculadas à mitigação das alterações climáticas, a estatal pretende colaborar para que até 2025 amplie em 10 milhões de hectares o uso de sistemas integrados de recuperação de pastagens no país, “contribuindo para mitigação de 60 milhões de CO2 equivalente”.
Moretti ainda declarou sobre a integração de lavoura-pecuária-floresta:
“Há 30 anos a Embrapa trabalha com sistemas de integração de lavoura-pecuária-floresta. A nossa ideia é que com o avanço dessa tecnologia e incorporação de novas áreas de pastagens, sobretudo pastagens degradadas… (possamos) levar o Brasil a ter mais 10 milhões de hectares em sistemas integrados.”
Ele reforçou que o Brasil já desenvolve sistemas integrados em aproximadamente 17 milhões de hectares.
Benefício econômico
Além do plano de demissão da Embrapa, a companhia pretende até 2025 incrementar em 20% o benefício econômico gerado por práticas agropecuárias e tecnologias sustentáveis, desenvolvidas com a ajuda de parceiros:
“Desde a década de 90 a Embrapa vem trabalhando com bioinsumos, a fixação biológica de nitrogênio é o grande exemplo. Ano passado o produtor brasileiro deixou de gastar 22 bilhões de reais em adubos nitrogenados…”
Licenciamento de produtos
A Embrapa também quer elevar a receita com o licenciamento de produtos, que atualmente gira em torno de R$ 35 milhões a R$ 40 milhões.
Sobre isso, Moretti fala que a empresa pode “aumentar a receita fazendo ajustes no modelo de negócios”.
Isso porque a companhia recebe hoje royalties das tecnologias. Porém, a alteração passa por constituir sociedades de propósitos específicos com sócios. Isso inclui divisão de riscos e lucros.
No entanto, Moretti admitiu que algumas metas podem ficar comprometidas caso a empresa tenha “restrições orçamentárias sérias”.
*Foto: Divulgação/Joana Silva