O plantio direto, segundo aponta pesquisa da Embrapa, resulta no aumento de estoque de carbono no solo, o que reduz as emissões de gases de efeito estufa
Um estudo feito por cientistas em áreas de plantio de grãos no estado de São Paulo, comprovou que o uso de práticas agrícolas sustentáveis, como o Sistema de Plantio Direto (SPD), permite o aumento de estoque de carbono no solo, o que reduz a liberação de gás de efeito estufa no meio ambiente.
Benefícios do plantio direto
Além disso, o estudo que foi conduzido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) avaliou seis propriedades rurais do interior paulista, com áreas irrigadas. No caso, a companhia comparou os solos com o manejo de plantio direto.
Contudo, a ideia aqui, segundo a pesquisadora Heloisa Filizola, é avaliar as melhores práticas na condução da agricultura brasileira. Há também a preocupação com o armazenamento de carbono no solo, o que evita perdas ambientais quando o gás é liberado para a natureza.
“O aumento da demanda por alimentos, associado à escassez de áreas para expansão da agricultura, torna cada vez mais necessária a realização de estudos relacionados à conservação do solo e à redução do carbono atmosférico.”
Tempo de pesquisa
Durante os dois anos de pesquisa, os cientistas avaliaram lavouras que desempenhavam o manejo de plantio direto e outras que faziam um sistema de plantio tradicional.
“Observamos que quando o agricultor movimenta menos o solo, com o trator, por exemplo, há menos perda de nutrientes, mantendo as características físicas do solo.”
Os pesquisadores também acompanharam as safras de milho, soja, algodão, feijão, entre outras, para fazer o estudo comparativo das práticas agrícolas e de conservação do solo.
Sustentabilidade
Heloisa reforça que o mais importante no estudo, além da avaliação do solo, é o armazenamento de carbono que fica após a colheita dos alimentos. Ao indicar o aumento do estoque de carbono no solo – um dos indicadores de prática agrícola sustentável – a pesquisa revela que o uso de plantio direto impacta diretamente em redução de gases de efeito estufa (GEEs) pela retenção de CO2 na terra.
IPCC
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o solo armazena quase quatro vezes mais carbono que biomassa vegetal e três vezes mais que a atmosfera. Portanto, possui grande importância no ciclo biogeoquímico do carbono. O estudo da Embrapa também possui a participação dos pesquisadores Alfredo Luiz, Aline Maia e Luís Carlos Hernani.
Sistema é adotado na região
Em relação às culturas de grãos, principalmente soja, milho e amendoim, os produtores da região Noroeste também adotaram o Sistema de Plantio Direto (SPD) nas propriedades em que possuem as plantações. O engenheiro agrônomo da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Andrey Vetorelli Borges, revela que o plantio direto teve início no Sul do País, na década de 1970, e nos últimos anos vem sendo usado na região Noroeste.
Custo menor com óleo diesel
Além disso, ao degradar menos o solo com esta prática, fica mantida a palhada para a próxima safra. Andrey recorda ainda que o produtor possui um custo menor com óleo diesel. Isso porque utiliza menos equipamentos que usaria no sistema tradicional. Porém, ele orienta que, para o plantio direto, o produtor precisa de uma plantadeira específica para o manejo da lavoura.
Revolvimento do solo
Por outro lado, Antônio Donizetti Sonego, engenheiro florestal e professor da disciplina de uso e conservação do solo da Escola Técnica Estadual (Etec) de Monte Aprazível, afirma que sem realizar o revolvimento do solo o produtor aproveita todo o material orgânico do ambiente. Portanto, sem o uso de aração e gradação para as lavouras, principalmente as de grãos, o agricultor vai aproveitar a palha no solo, uma proteção para os próximos plantios.
Todavia, o tempo e dinheiro são reduzidos com o sistema de plantio direto nas plantações de grãos da região, afirmam os produtores. Reginaldo Massuia da Fonseca, que possui plantações de soja e de milho, precisava de mais horas de trabalho para arar e gradear a terra antes do sistema de plantio direto.
“No plantio direto usamos menos máquinas, e consequentemente, diminui o custo com óleo diesel e mão de obra.”
O produtor diz ainda que esta forma de plantio é boa e prática, além de preservar o solo, uma vez que não há o contato direto do sol com a terra, pois está protegido pela palha, o que gera maior resistência para a planta.
“O plantio direto é ecologicamente correto, pois evita que a chuva leve terra para o leito dos rios, além de maior agilidade e rapidez no plantio das culturas”.
Já o produtor Carlos Missiagia também adota o plantio direto em lavouras de soja, milho e feijão.
“Agora, na próxima safra, vou usar também para o amendoim, que exige mais do solo porque remove um pouco mais de terra durante a colheita, em relação a outras culturas”.
Por fim, Carlos destaca que com esse plantio é possível preservar a cobertura de vegetais a cada nova safra, protegendo o solo do sol e da chuva que pode causar erosão.
*Foto: Reprodução