Nos últimos cinco anos, a força dos produtos alimentícios da região amazônica têm ganhado as gôndolas de hipermercados do país.
Pequenos agricultores de Belém, no Pará e arredores são responsáveis em fornecer a matéria-prima que abastece o Sudeste do Brasil. Porém, esta atividade ainda requer muito desenvolvimento, investimento e acordos favoráveis para ambas as partes.
Segundo o grupo Pão de Açúcar, o tipo de negociação com microempreendedores não pode ser a mesma que com multinacionais. Seria desleal e esses profissionais sairiam perdendo, o que não é a intenção da rede varejista.
Desde 2002, o GPA tem tentado manter esta parceria com pequenos e médios produtores que fornecem ingredientes da Amazônia. Não tem sido uma tarefa fácil, por falta de estrutura desses trabalhadores e pela distância, além de lidar com a época sazonal de colheita de alguns frutos, por exemplo.
Segundo dados do Sebrae, poucos negócios do setor de alimentos na região amazônica e estados próximos conseguem sobreviver. Falta estrutura, como um contador que dê todo o suporte e embasamento de crescimento para o estabelecimento.
Mesmo com esse cenário, os produtos amazonenses são famosos em outros cantos do país, graças ao investimento de empresas nacionais. Entre elas, está a Natura que utiliza da matéria prima da região na comercialização de cremes e perfumes e outros itens. O óleo de andiroba e cupuaçu são algumas das fragrâncias mais vendidas da empresa de cosméticos e típicas da Amazônia.
ALTA GASTRONOMIA
Não é de hoje que os ingredientes do Norte do Brasil fazem sucesso em pratos renomados de grandes restaurantes. A mandioca extraída da Floresta Amazônica é responsável por dar sabor à receitas de famosos chefs de cozinha.
Pratos como o tucupi, a farinha-d’água e a maniçoba compõem cardápios de Belém e de hotéis de outros estados.
Desde a década de 70, a família Martins, especialista em restaurante de gastronomia amazônica baseiam seu negócio nos ingredientes específicos da região. Situada em Belém, no Pará, o “Lá Em Casa” ajuda a levar os sabores do Norte brasileiro a outros cantos.
A partir de 2014, a demanda por esse tipo de culinária cresceu a ponto dos Martins abrirem o Manioca, especializado em doces. O estabelecimento comercializa 17 tipos de doces, geleias e temperos naturais. Todos eles são feitos à base de ingredientes amazônicos e não levam corantes ou quer adição de açúcar.
Os produtos da marca Manioca também são encontrados no GPA e nos mercados da rede St. Marché, em São Paulo. O caso dessa empresa é uma exceção à regra em relação à dificuldade dos produtores florestais amazônicos estreitarem grandes acordos comerciais com a região Sudeste.
IMAZON
Mesmo assim, na última década, cresceu o valor da mercadoria vinda da Floresta Amazônica. Ingredientes como a polpa do açaí, castanha-do-Pará, pupunha, buriti, o mel de abelha e os óleos de andiroba e copaíba estão cada vez mais valorizados.
Segundo o Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que fomenta o desenvolvimento sustentável da região, a receita bruta desses produtos aumentou em quase R$ 100 milhões de 2009 para cá. Esse acréscimo se deve em parte à grande procura pelo açaí e castanha-do-pará.
O Imazon determinou para este cálculo de aumento os principais polos que negociam esses produtos. São eles: as cidades de Belém, Breves e Gurupá, no Pará e o município de Santana, no Amapá.