Soja ganha ritmo ainda neste mês, apesar de momento estar encontrando suporte na questão climática e em meio a preocupações com o que ocorre na Argentina
A colheita de soja da safra 2022/23 em Mato Grosso, Estado que dá a largada nos trabalhos no Brasil, deve ganhar ritmo a partir da segunda quinzena de janeiro. Isso pode ocorrer logo após um plantio feito um pouco mais tarde do que no ciclo anterior em algumas regiões, disseram produtores.
Vale lembrar que na segunda quinzena de janeiro de 2022, a colheita de soja em Mato Grosso ultrapassou 13% da área com clima favorável.
Soja ganha ritmo daqui uns dias
Além disso, de acordo com Antônio Galvan, presidente da associação de produtores Aprosoja Brasil, os trabalhos são realizados ainda em poucas áreas, de forma isolada.
“(Houve) uma lavoura ou outra colhida, muito incipiente, a colheita deve começar mesmo no mínimo no dia 15 deste mês, ou mais.”
Já a Aprosoja-MT revelou que os agricultores que estão em fase de colheita são de regiões de irrigação por pivô. De modo geral, há o plantio de algodão segunda safra na sequência.
Contudo, algumas colheitas foram realizadas em dezembro, antes mesmo do Natal, informou o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), à Reuters.
Entretanto, em meio a chuvas tradicionais no Estado nesta época e um plantio mais tardio em parte das áreas, o total colhido ainda segue pouco representativo.
Safra 2021/22
Justamente por isso que, em janeiro de 2022, os trabalhos para a colheita de 2021/22 estavam um pouco mais adiantados, em relação ao ciclo atual, revelou o agricultor do município de Vera, Elso Pozzobon. Todavia, os produtores estão apreensivos com o clima, geralmente muito chuvoso nesta época do ano. Porém, até o momento não há problemas.
“Nos anos anteriores choveu mais, este ano voltou a praticamente à normalidade, com alternância entre chuva e sol, a gente tem momento (para entrar com as colheitadeiras nos campos).”
Neste contexto, o produtor acredita que nos “próximos dez dias vai aparecer bastante lavoura para colher”.
Atraso nas chuvas na região leste
Por outro lado, na região leste de Mato Grosso, casos mais extremos de atraso nas chuvas durante o plantio da soja podem postergar a colheita para fevereiro. É o que revela o produtor Endrigo Dalcin:
“Estou no Vale do Araguaia, em Nova Xavantina, a chuva retardou para começar, demorou pra começar, plantamos praticamente no final de outubro e novembro, a soja vai demorar bastante para ficar pronta.”
Todavia, outros Estados do Centro-Oeste, períodos de seca também podem levar a colheita para o mês que vem.
O produtor Bartolomeu Braz, da região central de Goiás, destacou que houve um longo período de veranico em novembro que atrasou os trabalhos durante a safra.
“Agora está indo bem, haverá colheita em nosso entorno a partir de 15 de janeiro, mas a minha previsão, por exemplo, é só em fevereiro.”
Pressão de preço com safra recorde
Mesmo diante de instabilidades climáticas ao longo do plantio de soja, o Brasil ainda deve colher um recorde de 153,8 milhões de toneladas na safra 2022/23. Ela só não é maior por conta da falta de chuvas no Sul, segundo estimativa divulgada nesta semana pela consultoria StoneX.
Por fim, o analista da Safras & Mercado, Luiz Fernando Roque, diz que os preços da soja ainda estão encontrando suporte na questão climática, em meio a preocupações do mercado com o que acontece no Sul e na Argentina.
“A entrada da safra nova deve pesar sobre os preços a partir de fevereiro, ou até um pouco antes, mesmo com os problemas climáticos.”
*Foto: Reprodução