Os estudos realizados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) são guias que explicam a importância das políticas climáticas. O relatório do IPCC de agosto abordou o tema “clima e terra” e chamou atenção para o que será do futuro e bem-estar da civilização. O conteúdo também diz respeito a como o ser humano se relaciona com os recursos vindos da terra em um momento que há o aquecimento global.
Marcelo Moreira, pesquisador e sócio da Agroicone, o relatório fala sobre as medidas que devem ser tomadas para haver uma adaptação de mudanças climáticas e de como implementá-las.
Relatório do IPCC
Entre os destaques do relatório do IPCC temos a explicação do que é bioenergia e as ações para remover o carbono da atmosfera, os BECCS (Bioenergy Carbon Capture and Storage). O teor deste tema gira em torno de objetivos mais eficazes para a contenção do aquecimento global e de medidas socioeconômicas que não são sustentáveis ainda e por isso demandam maior compensação em bioenergia e BECCS. No entanto, é importante explicar que tais ações dizem respeito somente à estabilização de carbono por meio desta tecnologia. Em declaração à revista Rural, Moreira complementa:
“O potencial é bem maior quando consideramos o deslocamento do consumo de combustíveis fósseis, que infelizmente não foi incluído no sumário”.
Bionergia
Porém, o risco que a bioenergia pode sofrer acontece quando ela é mal utilizada por falta de políticas bem alinhadas. Agora, quando boas práticas são tomadas em função da bioenergia ocorre o efeito contrário. Sobre isso, Moreira explica:
“É evidente que a produção de biocombustíveis não deve produzir desmatamento, e não se deve incentivar a produção ineficiente e desenfreada”.
Poupa terra
A análise do IPCC ainda fala sobre a atuação dos biocombustíveis no intuito de poupar a terra. O Brasil possui fontes eficazes de bioenergia no que diz respeito à utilização da terra. Um exemplo disso é a produção de cana-de-açúcar que é o cultivo mais eficiente em termos de gerador de energia por hectare. Além disso, de acordo com pesquisas, mais de 80% das áreas de cana estão situadas em locais onde a vegetação nativa cresceu na última década, nos estados do Centro-Sul.
Todavia, o país ainda busca mais estratégias neste mesmo segmento que contemple ainda mais o lema “poupa terra”. É o caso da ativação da pecuária, criando uma parceria junto à lavoura, além da ampliação das culturas de segunda safra, principalmente a do milho. Segundo análise divulgada em 2017, o país poderia substituir de 3,8% a 13,7% da gasolina mundial ao adotar o uso de biocombustíveis apenas em regiões degradadas ou de intensificação de pastagens.
Programa RenovaBio
Juntamente ao IPCC, o Programa RenovaBio (política nacional de biocombustíveis) tem gerado uma profunda modificação de comportamento entre os produtores de bioenergia. Com isso, usinas estão investindo mais em sustentabilidade. Até o vocabulário desses locais mudou, agora querem saber se suas áreas são “elegíveis”, ou seja, se a usina em questão consegue atender aos critérios de sustentabilidade. Entre os quais, não provocar mais desmatamento, além seguir as regras do Código Florestal.
Em outras palavras, o projeto RenovaBio consegue seguir exatamente o que o relatório do IPCC propõe, que impulsionar cada vez mais a produção de biocombustíveis sustentáveis.
Fonte: revista Rural
*Foto: Divulgação