Transporte público ainda sofre grande impacto, segundo o boletim ‘Impactos da Covid-19’, que realizou um levantamento até fevereiro de 2021
Depois de um ano de pandemia, o setor de transporte público urbano revela que a redução do número de passageiros e a obrigação de manter alta a oferta contribuíram para o acúmulo de R$ 11,75 bi em prejuízos.
Transporte público ainda sobre grande impacto
Com redução média de 40,8% no número de passageiros e diminuição de apenas 20,8% na oferta dos serviços, para evitar aglomerações, o transporte público ainda sofre grande impacto e ainda sob ameaça de novas interrupções dos serviços. Isso já acontece em diversas cidades do Brasil.
Boletim ‘Impactos da Covid-19’
De acordo com o boletim Impactos da Covid-19 no transporte público por ônibus, realizado pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), a existência deste serviço pode se tornar futuramente comprometida, mesmo com o retorno à normalidade.
Isso porque o prejuízo acumulado de R$ 11,75 bilhões no período de março de 2020 a fevereiro de 2021 é decorrente da falta de medidas de socorro mergencial específicas. Ou seja, que não foram garantidas por parte do Governo Federal e que avançaram no Congresso Nacional. Mas que também foram barradas no poder Executivo.
Além disso, 18 empresas operadoras e três consórcios operacionais interromperam a prestação de serviço desde o mês de março de 2020. Na ocasião, foi necessário reduzir as viagens, o que impactou na receita do setor.
Impactos negativos além do dinheiro
Todavia, desde o começo da pandemia, 78 sistemas de transportes urbanos enfrentaram paralisações. Em um ano, foram 182 greves, manifestações e/ou protestos, segundo estudi da NTU. Também foi verificado pela associação que os impactos negativos da pandemia foram além dos prejuízos financeiros.
Sobre isso, entram em destaque:
- interrupção da prestação dos serviços em vários sistemas;
- demissões de trabalhadores;
- intensificação da quantidade de paralisações (greves, protestos ou manifestações);
- a insatisfação da população com a redução e interrupção da oferta de transporte público;
- e a incapacidade do pagamento de salários e benefícios por parte das empresas.
Medidas de suspensão de contratos e redução de salários
Em vista da queda de passageiros que chegou a 80% no começo da pandemia e que, atualmente, está em torno de 40% na média nacional, as empresas operadoras só puderam contar com as medidas de suspensão de contratos de trabalho e redução de salários adotadas para todo o setor privado.
Apesar da flexibilização trabalhista, ainda não foi suficiente para evitar greves do setor. Tembém não conseguiram cojnter a perda de 66.057 postos de trabalho no ano de 2020 em todo segmento de transporte público urbano de passageiros. Os dados são do Painel do Emprego da Confederação Nacional do Transporte.
Prevenção
Por outro lado, o presidente da NTU observa que as empresas operadoras estão prevenindo e evitando a proliferação do vírus. Isso ocorre por meio de adoção de protocolos sanitários, oferta de equipamentos de proteção e de produtos de higienização aos colaboradores. Além de ações de limpeza e desinfecção permanente da frota de ônibus.
Para a associação, além do veto do presidente Jair Bolsonaro sobre o projeto de Lei 3364/20, que poderia garantir um auxílio ao transporte público no valor de R$ 4 bilhões no fim do ano passado e confirmado em março pelo Congresso Nacional, o setor precisa agora de uma solução definifiva. Neste caso, ela precisa passar pela doção, por parte do poder público, de um novo marco legal para organizar e estabelecer responsabilidades e direitos na gestão e operação do transporte público por ônibus coletivo no país. Assim como também definir um novo modelo de remuneração às empresas operadoras de serviços.
*Foto: Divulgação