Árvores no campo contribuem para a redução de doenças de plantas nas lavouras
Os sistemas integrados de produção agropecuária (SIPA), conhecidos também como integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), colaboram para a redução de doenças de plantas nas lavouras de grãos, tanto nas raízes, quanto na parte aérea das plantas. Isso inclui também melhorias nos espaços de quaternários que tratam das plantas vindas de outros países.
Árvores no campo
De acordo com estudos desenvolvidos pela Embrapa, em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e conduzidas em um experimento de longa duração do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), concluíram que é possível, nas áreas manejadas com ILPF, diminuir a quantidade de agrotóxicos necessários para controle de doenças. Isso porque o componente florestal é um fator importante na redução da sobrevivência de patógenos no solo, e anda reduz a intensidade de doenças foliares.
Tais resultados dessas pesquisas foram publicados na revista internacional Agricultural Systems, em sua edição de novembro. Sob o nome “Plant diseases in afforested crop-livestock systems in Brazil”, o artigo é assinado pelo engenheiro-agrônomo Alexandre Dinnys Roese, da Embrapa Agropecuária Oeste, em parceria com Erica Camila Zielinski e Louise Larissa May De Mio, ambas do Departamento de Fitotecnia e Fitossanitarismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
O estudo direcionado à agricultura para tratar doenças causadas por fungos que sobrevivem no solo foi explicado por Roese. Ele diz ainda que os patógenos sobrevivem nos restos culturais e plantas voluntárias. Eles podem ainda se dispersar pelo ar, como é o caso das ferrugens. O estudo abrange o município de Ponta Grossa (PR), no período de 2013 a 2016.
Além disso, a pesquisa avança no comportamento de doenças do solo nas lavouras de soja e milho, e de doenças foliares nas lavouras de soja, milho e aveia.
Metodologia da pesquisa
A pesquisa analisou três diferentes sistemas de produção:
- Agrossilvipastoril (ASP), com rotação soja e milho no verão, pastejo bovino sobre aveia com azevém no inverno, todos situados entre fileiras de eucalipto com grevílea;
- Sistema agropastoril (AP), com rotação soja e milho no verão e pastejo bovino sobre aveia mais azevém no inverno;
- Área-controle (CO), apenas com rotação soja e milho no verão e aveia mais azevém no inverno, mas sem pastejo animal.
Objetivos
Além disso, essa descoberta científica que utiliza árvores no campo contribui para melhorias dos sistemas de produção agropecuária, revela o chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agropecuária Oeste, Walder Antonio Nunes:
“O uso da ILPF reduz a utilização de produtos químicos, resultado que está alinhado às diretrizes estabelecidas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015.”
Microclima nas plantações
Todavia, Roese lembra que as árvores no campo promovem uma alteração no microclima. Isto é, modificam inúmeros aspectos das lavouras, como: duração do molhamento foliar, temperatura, umidade do ar, velocidade do vento e incidência de luz.
Ele reforça que as doenças são muito dependentes de microclima. Portanto, as árvores alteram este microclima e acabam por estimular drasticamente as doenças de plantas nas lavouras. E é por isso, que esta pesquisa se torna tão relevante.
Doenças de solo
O agrônomo explica que as doenças de solo são provocadas por microrganismos (fungos, bactérias e outros), habitantes naturais do solo, mas em desequilíbrio nesse ambiente. Além disso, a microbiota presente no solo é responsável por equilibrar a presença desses agentes causadores das doenças.
Já a supressividade do solo aos patógenos é o nome dado à capacidade do solo de suprimir, total ou parcialmente, uma ou várias doenças. Até mesmo quando o agente causador da doença (patógeno) está presente no solo e todas as condições ambientais são favoráveis à doença.
Como inserir as árvores no sistema de produção
Contudo, o professor do Departamento de Fitotecnia e Fitosanidade da UFPR Anibal de Moraes apresenta alguns cuidados em relação à inserção de árvores no sistema de produção integrada. Ele ressalta que planejamento é a palavra-chave do sucesso e destaca que “não é uma decisão simples”. Ele explica que na fase de implantação das árvores é preciso levar em consideração o tipo de implemento que será trabalhado na área.
Para ele, o produtor deve estabelecer previamente os espaçamentos entre os renques de arborização, assim como sua localização, e ainda priorizar o plantio em nível do terreno.
Por fim, o professor menciona a fase de retirada das árvores no campo e também explica que a despesa de uma destoca bastante alto. Neste caso, ele sugere que é:
“interessante colocar as próximas árvores na mesma linha, mantendo o mesmo modelo de implantação inicial, o que evita o gasto com destoca e possibilita a manutenção do sistema integrado de produção de árvores com pastagens.”
*Foto: Divulgação