ESG na Amazônia precisa muito mais de inclusão social, para também ter proteção ambiental
Recentemente, executivos internacionais levantaram a seguinte questão: Como é possível combater as mudanças climáticas e ainda preservar a floresta amazônica?
O questionamento partiu após uma imersão de duas semanas em que eles participaram na Amazônia. O aprendizado foi dividido em duas turmas. Primeiro com um grupo da CEIBS de CEOS da China, e depois, um grupo do Executive MBA da HEC Paris. Ambos os grupos estão no Ranking do Financial Times.
ESG na Amazônia
Durante estes dias de aprendizado foi bastante abordado o papel do ESG na Amazônia. E a conclusão que chegaram é que a letra S é muito mais importante que a letra E. Isso porque não dá para manter a floresta em pé sem a inclusão social.
Como nosso mindset determina as soluções
Por outro lado, outra pergunta veio à tona nesta imersão: os seres humanos integram a natureza ou não? Essa questão parte muito dos participantes norte-americanos. Para eles, se quer preservar a natureza, é preciso tirar o ser humano de lá. Por isso, criam parques nacionais ou estaduais onde a natureza é “protegida” da interferência humana. No fundo, eles não acreditam que os humanos fazem parte da natureza e que uma coexistência harmoniosa é possível. Portanto, creem que a solução para o desmatamento no Brasil é fazer uma grande cerca ao redor da floresta e proibir os humanos de interagir com ela.
Todavia, alguns dos participantes com este mindset mudou de opinião com o passar dos dias de aprendizado, pois perceberam que uma das causas do desmatamento é o modelo econômico. Ou seja, há o desmatamento da floresta para ganhar área produtiva. Mas outro fator também foi obervado: a renda das pessoas importa.
Cuidando das pessoas que cuidam da floresta
Segundo a Fundação Amazônia Sustentável, uma solução pode vir do desenvolvimento das comunidades na Amazônia. No meio da floresta já existe uma sala de aula ao ar livre embaixo de uma árvore gigante. E foi nesta sala improvisada que Roberto contou sua história aos participantes desta imersão. Ele era desmatador – cortava árvores por R$ 300. Passava dias trabalhando na floresta para ganhar o suficiente para sobreviver. Por outro lado, via a família por tempos extensos, mas esta era a vida que ele conhecia, que foi passada de geração para geração, uma vez que seu avô e seu pai também viviam do desmatamento.
E como nem toda coisa ruim perdura para sempre, o Roberto teve a chance de mudar de vida e agarrou esta oportunidade. No caso, apareceu a oportunidade de trabalhar como guia turístico mostrando a floresta que ele já conhecia tão bem. Ele até pensou que isso nem fosse um trabalho de verdade, por ser bem menos pesado e poder encontrar a família com mais frequência.
Questão ambiental secundária
Talvez tenha sido o Stephan Schmidheiny, bilionário suíço e fundador da Fundação Avina, que falou certa vez que, até que todas as pessoas da América Latina tenham comida na mesa e uma casa, a questão ambiental será de importância secundária.
Por fim, é preciso destacar que a proteção da Amazônia passa por uma revisão de nosso modelo econômico. Já há diversos negócios em prática para manterem a floresta em pé. Todavia, o turismo também pode ser uma resposta, além de outras possibilidades.
*Foto: Reprodução/https://www.instagram.com/p/CQhxBGEh7tp/