Borracha nativa vem da seringueira (Havea brasiliensis)
Nativa da Amazônia, a seringueira – Hevea brasiliensis – é conhecida como a “mãe” da floresta pelo leite que escorre quando se corta o seu tronco, o látex, matéria-prima para a borracha, descreve um artigo da BBC.
Borracha nativa
Para converter em borracha nativa, a extração da seringueira não compromete a saúde da árvore. Isso porque ela se reproduz naturalmente no bioma, onde existem espécimes de até 300 anos. Além disso, elas estão na raiz do desenvolvimento econômico da região, com o ciclo da borracha que impulsionou o crescimento de Manaus e Belém na virada do século 19 para 20.
No entanto, há mais de um século, a matéria-prima da floresta perdeu para a borracha de áreas de cultivo, especialmente na Ásia. Vale destacar que a atração do látex de árvores enfileiradas em monoculturas é
Há mais de um século, entretanto, a matéria-prima da floresta perdeu para a borracha de áreas de cultivo, sobretudo na Ásia. Extrair o látex de árvores enfileiradas em monoculturas é extraordinariamente mais fácil do que na Amazônia, onde seringueiros percorrem até 10km por dia para alcançar árvores espaçadas pela floresta.
Concorrência desigual
Por sua vez, a concorrência desigual desvalorizou a atividade de seringueiros da Amazônia, que ao longo das décadas sofreram regimes de forte exploração de mão-de-obra e de semi-escravidão por endividamento. Muitos abandonaram os seringais.
Porém, nos últimos anos, novos arranjos entre o setor privado e associações de extrativistas vêm impulsionando uma expansão da produção de borracha nativa, agora reconhecida como um produto sustentável que reflete no impacto social e que também pode gerar renda para populações locais e ajudar a preservar a floresta.
Sendo assim, no novo modelo, empresas estão pagando valores mais altos pela borracha da Amazônia como um produto que ajuda a prover sustento para famílias a partir da floresta em pé, tornando o desmatamento um mau negócio – e levando seringueiros a retomarem a atividade.
Incentivos à bioeconomia e seus gargalos
A valorização da borracha nativa da Amazônia acontece em meio ao alarme global despertado pelas mudanças climáticas e clamores por frear o desmatamento da floresta para conter o aquecimento global.
Tal cenário impulsiona a bioeconomia, um modelo econômico desenvolvido a partir de recursos naturais extraídos de forma ética, sustentável e mantendo a floresta em pé – ou, como muitos preferem descrever em relação à Amazônia, à sociobioeconomia, contemplando na equação também a inclusão social, a geração de renda local e a valorização de saberes tradicionais.
*Foto: Reprodução/https://www.instagram.com/p/C4JqJnDv85m/