Os seres humanos não são os únicos a ficarem em quarentena. As plantas também entram neste período em um ambiente apropriado, chamado quarentenário. Mas você sabe o que significa e para que serve este local?
Quarentenário de plantas
Como já mencionado as plantas também entram em período de quarentena. Mas neste caso, não é em função da pandemia do novo coronavírus. Esta prática que pode não ser tão comum aos seres humanos já acontece há bastante tempo com as plantas.
Os materiais vegetais, como sementes, tubérculos e material in vitro também passam por uma fase de isolamento. O objetivo neste caso é evitar que pragas quarentenárias, como fungos, bactérias, vírus, nematoides e plantas daninhas (existentes em outros países), entrem no Brasil e causem danos para a agricultura nacional.
Quarentenários no Brasil
O único quarentenário público de materiais vegetais do Estado de São Paulo é o Instituto Agronômico (IAC-APTA), em Campinas, e é mantido pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado. Além dele, somente a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) possui um quarentenário público, situado em Brasília.
Com permissão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o quarentenário do IAC recebe todas as espécies de materiais vegetais. Só no ano passado, o local recebeu 143 quarentenas, num total de 14.648 acessos de diferentes espécies e países.
Sobre isso, Roberta Pierry Uzzo, pesquisadora do Instituto, afirma que esses materiais são importados por companhias e instituições científicas para o desenvolvimento de pesquisas e não são de utilização comercial:
“Essas sementes, por exemplo, serão usadas em estudos e servirão para o desenvolvimento de novas cultivares de plantas.”
Permanência em isolamento
Embora receba o nome de quarentena, o período de permanência desses materiais no quarentenário não é de 40 dias, revela a pesquisadora:
“Isso depende muito. Há materiais que ficam no quarentenário por semanas. Outros, como toletes de cana, podem permanecer por anos, até conseguirmos verificar se de fato não há nenhum perigo de entrada de patógenos exóticos no Brasil. Isso é fundamental para a segurança fitossanitária da nossa agricultura.”
Ela ainda ressalta que um tolete de cana, por exemplo, necessita ser plantado para analisar se os patógenos não se manifestam quando a planta cresce, levando meses ou até anos para que o resultado possa ser confiável.
Na época de quarentena os materiais são analisados por profissionais da área de entomologia, matologia, virologia, fitopatologia e nematologia, que fazem testes para identificar a possível existência de insetos, vírus, fungos, bactérias, nematoides e plantas daninhas. O processo consiste em plantá-las em casa de vegetação, que são monitoradas diariamente, para observação de suas características e identificação de sintomas que apontem a presença de pragas exóticas. Além disso, ainda são feitos restes de laboratórios em amostras coletadas de sementes com o intuito de identificar possíveis pragas presentes, conta Roberta:
“Materiais importados em forma de cultura de tecidos ficam acondicionados em salas com temperatura e umidade controladas, conforme a necessidade da cultura. Os materiais permanecem isolados de outros materiais importados, em compartimentos de casa de vegetação ou laboratórios. Fazemos um laudo relatando todas as pragas que encontramos, tanto os patógenos que já existem no Brasil, como os exóticos.”
Assim que patógenos exóticos são identificados, o Instituto relata o fato ao MAPA, que decide pela destruição do material.
Caminho para o quarentenário
Logo que chegam nos aeroportos do Brasil, os materiais vegetais vão direto para um quarentenário, que pode ser na do IAC ou de outras instituições públicas ou privadas.
Há um procedimento padrão pelo MAPA, em relação à introdução de materiais vegetais para pesquisa. A instituição pede permissão ao MAPA, com informações detalhadas sobre o material a ser importado, como: local de origem, número de acessos e quantidade.
O quarentenário em questão é consultado sobre sua capacidade de avaliação fitossanitária, para que assim a instituição seja autorizada a realizar a importação em que já é passada uma previsão de data para a chegada dos materiais ao país.
Assim que entram no aeroporto brasileiro, é feita uma fiscalização do Ministério, que lacra os materiais com seu selo e prescreve a quarentena. Na sequência, eles são transportados ao quarentenário por meio de despachantes credenciados pelo MAPA ou por uma transportadora autorizada, que atendem todas as normas fitossanitárias de segurança.
Fonte: Revista Rural
*Foto: Divulgação