Distribuição sustentável envolve ainda custos crescentes para o consumidor, assim como impactos na abertura do mercado e da GD são vistos como desafios
Com a necessidade de modernização e e de abertura de mercado, o papel das distribuidoras tende a ser cada vez mais relevante no futuro como provedora de serviços de rede. Contudo, na avaliação de especialistas que participaram de um encontro em Brasília sobre a sustentabilidade do segmento de distribuição, enxergam, por outro lado, desafios e ameaças a serem enfrentados em um cenário de custos crescentes e de decisões legislativas que corroem os pilares da regulação de energia elétrica no Brasil.
Distribuição sustentável
Entre os desafios apontados para a abertura de mercado e o impacto do crescimento exponencial da distribuição sustentável, segundo o ex-diretor geral Aneel Jerson Kelman é a arbitragem regulatória, e não a competição, que incentiva a migração dos grandes consumidores para o ambiente livre.
Já para o consultor geral e ex-diretor geral da Aneel José Mario Abdo há um ambiente de complexidade, mas que também envolve a revisão dos modelos das distribuidoras. Para ele, “a distribuidora vai ter uma responsabilidade muito maior. Ela ganha relevância. Ela não tende a desaparecer”.
Relevância
Ricardo Brandão, diretor de Assuntos Regulatórios da Abradee, destacou que é fundamental o papel da distribuição e que também deve crescer em relevância. Mas, a chave para isso tudo é a adaptabilidade ao ambiente atual de transição.
Preço
Por outro lado, Brandão identifica o sinal do preço como uma ameaça hoje ao setor, se referindo ao peso crescente dos subsídios. Portanto, segundo ele, é preciso implantar uma série de mudanças no modelo vigente para o segmento. Por exemplo, é necessário separar a comercialização do serviço da rede, acabando com a tarifa volumétrica.
Além disso, segundo Solange Ribeiro, vice-presidente da Neoenergia, defendeu a solução para a tarifa não é reduzir os investimentos em distribuição. Porém, resolver a questão dos encargos setoriais. Ela afirma que o crescimento da GD ocorre por incentivo errado. E lembros dos impactos da sobrecontratação provocada pela migração de consumidores para o mercado livre.
Por fim, para Leandro Caixeta, assessor da diretoria-geral da Aneel, disse que é papel das distribuidoras irrigar a cadeia do setor elétrico, e o aumento do custo reduz a capacidade de pagamento do consumidor. “A gente tem que quebrar esse ciclo, e isso só pode ser feito reduzindo a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético). Ela cresceu 120% nos últimos seis anos”. Vale dizer também que o fundo foi criado com uma função social que foi desvirtuada ao longo do tempo, com o aumento dos subsídios. Ele diz ainda que é preciso trazer receita nova para a conta, e que ela pode vir, talvez, de hidrelétricas amortizadas.
*Foto: Reprodução/br.freepik.com/fotos-gratis/engenheiros-de-tiro-medio-discutindo-sobre-paineis-solares_25125199