Especialistas em combustível das empresas BTG, Datagro, Platts e SCA apontam que redução nos preços seria irrisória, além de menor teor de anidro resultar em malefícios econômicos e ambientais
Em razão de uma declaração do presidente Jair Bolsonaro, um debate no setor sucroenergético tem dado o que falar nos últimos dias. Sobre isso, especialistas no combustível etanol se manifestaram. De acordo com uma fonte do agronegócio ouvida pelo jornal O GLOBO no dia 7, a redução deve mesmo ocorrer: “só falta anunciar”. Ela disse ainda que o percentual deve cair para 18%, índice mínimo permitido por lei.
Especialistas em combustível
Por outro lado, especialistas em combustível, ouvidos pelo portal de notícias NovaCana, não acreditam que esta diminuição trará benefícios.
Para especialista do BTG Pactual, que emitiu sua opinião em documento no dia 28 de setembro, um dos motivos pelo preço do etanol estar subindo mais do que a gasolina nos últimos meses diz respeito ao efeito negativo do clima na produtividade dos canaviais. Segundo um levantamento recente, a perspectiva é de uma redução de 13% na moagem em 2021/2022, no comparativo com a temporada anterior.
Ainda de acordo com o banco, uma diminuição da mistura em cinco pontos percentuais – dos atuais 27% para 22% – resultaria em uma diminuição no preço final de 0,4%. Isso tudo considerando os preços e as alíquotas de impostos em São Paulo. Porém, se a redução for para o mínimo possível, de 18%, o valor na bomba cairia 0,6%, o equivalente a R$ 0,04/L.
O relatório da BTG afirma o seguinte:
“Só para referência, isso equivale a uma variação insignificante de 2% do preço da Petrobras na refinaria, ou não muito mais do que os preços do [petróleo] brent variam a cada dia. Então, claramente, isso faz muito pouco para efetivamente conduzir a uma mudança na percepção da inflação ou até mesmo ajudar a popularidade do governo.”
Opinião da Datagro
Por outro lado, a consultoria Datagro estima uma cifra similar. Segundo a empresa, em caso de haver a redução da mistura de 27% para 18%, o preço médio da gasolina C para o consumidor de São Paulo retraria em 0,6%, de R$ 5,775/L para R$ 5,742/L – ou seja, R$ 0,03/L.
Conforme comunicado da Datagro, há ainda um possível impacto do balanço de oferta e demanda de etanol:
“[Esse é] um benefício negligenciável à luz dos custos que o país teria para compensar o menor teor de anidro na gasolina.”
*Foto: Divulgação