O biodiesel é um combustível composto de carbono neutro, de origem renovável e que contribui para a movimentação do agronegócio mundial, mas será que existem desafios em sua produção? Especialistas afirmam que o maior deles está na sua distribuição, ou melhor, na comercialização do biodiesel no Brasil.
Por muitos anos o combustível de origem fóssil movimentou os sistemas rodoviário, ferroviário e hidroviário, a logística desses setores dependem do diesel e ao oferecer exclusivamente um combustível com um valor acima da média, como acontece atualmente com o biodiesel no Brasil, poderia causar uma inflação sem precedentes em diversos serviços e produtos.
Estudo realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em parceria com a União Brasileira do Biodiesel (Ubrabio), analisou durante seis meses o impacto do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) na economia brasileira. A pesquisa revelou que, através da produção do biodiesel no Brasil, entre janeiro de 2005 a julho de 2010 o país evitou um gasto de US$ 2,84 bilhões com importações de óleo diesel.
Esse ano, o Brasil aumentou a mistura do biodiesel para B10, com esse avanço a projeção é que o país economize US$ 1,67 bilhões nas importações de combustíveis de origem fóssil. Vale destacar que, países que dependem da importação de óleo diesel acabam gerando um desequilíbrio em sua balança comercial, cenário atual do Brasil, mas com o avanço do biocombustível a ideia é que o país se torne cada vez mais independente.
Projeções positivas para o biodiesel no Brasil
Atualmente o Brasil importa apenas 20% do biodiesel e 10% do diesel consumido em transportes de cargas e passageiros, sendo o combustível mais utilizado no país, representando 38,2 bilhões de litros de consumo anual.
O óleo diesel pode ser utilizado também na geração e no abastecimente de energia elétrica em comunidades isoladas, além disso, essas regiões contam com a geração de empregos e a inclusão social desenvolvida pelo cultivo de oleaginosas para a produção do biodiesel no Brasil.
Atualmente o biodiesel fabricado no Brasil já é exportado para grandes potências energéticas como Estados Unidos e países da União Europeia, como a Alemanha, principal consumidor mundial. Limitações para o avanço na fabricação de biodiesel na Europa mostram caminhos comerciais estratégicos para a entrada do biocombustível brasileiro.
Projeção realizada pelo Greenpeace supõe que em 2050 a matriz energética brasileira pode ser composta com 93% de fontes renováveis. A análise leva em consideração uma produção tripla da que é ofertada atualmente pelo país, além de uma tendência de crescimento do cenário econômico.
Durante o estudo foram projetados dois cenários: no primeiro, o governo mantém os investimentos em combustíveis fósseis e no segundo, considera-se uma revolução do setor energético, com a expansão das fontes renováveis e aumento da eficiência energética.
Para essas projeções do biodiesel no Brasil se tornarem realidade é preciso que o governo enxergue esse biocombustível não apenas como um produto, mas como um projeto com missão definida e que ele seja uma fonte de energia comercialmente viável.