Rede de fazendas urbanas, a BeGreen, foi citada na COP27; modelo adotado se vale de shoppings centers e é 28 vezes mais eficiente que o convencional
Agora, com o avanço da tecnologia no Brasil, um fazendeiro não precisa se distanciar mais das grandes cidades ou tomar sol na cabeça do início ao fim do dia para produzir. Esta é a atual realidade dos que trabalham nas fazendas urbanas. No caso, eles podem adotar o mesmo estilo de vida de profissionais de outras áreas.
Rede de fazendas urbanas
Além disso, os colaboradores da BeGreen, a maior rede de fazendas urbanas da América Latina, têm mais chances de ir ao cinema após o expediente do que muito arquiteto ou publicitário. Isso porque a companhia resolveu cultivar suas hortaliças dentro de shoppings centers, gerando um impacto econômico positivo.
COP-27
Citada em um dos painéis da COP-27, o encontro das nações pelo clima, que ocorreu no Egito em novembro, a BeGreen mantém unidades produtivas em Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro, Campinas (SP), Goiânia (GO), Salvador (BA) e São Paulo. Todos pertencem à Aliansce Sonae, parceira estratégica da agtech. Fundada em 2017, a startup também marca presença na sede do Ifood, em Osasco (SP), e na fábrica da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
BeGreen Fazendas Urbanas
No QG do iFood, ocupa o sétimo andar. Em 950 metros quadrados, cultiva 1,7 tonelada de alimentos por mês, entre hortaliças, frutas e legumes. A iniciativa contribui com a alimentação de 3.000 famílias cadastradas no Banco de Alimentos de Osasco. Já na fábrica da Mercedes-Benz, a BeGreen produz aproximadamente 2,5 toneladas de verduras que são consumidas pelos funcionários da montadora.
Hidroponia
A startup, por meio da tecnologia, produz hortaliças de forma mais sustentável e com 28 vezes mais eficácia que as fazendas convencionais. Com sementes selecionadas, as plantas são cultivadas através da técnica de hidroponia — as raízes se desenvolvem na água e com a ajuda de soluções com direito a nutrientes naturais.
Os volumes de água e de nutrientes injetados nos canais das plantações são controlados de maneira automatizada, assim como o sistema de climatização das estufas. Sendo assim, a qualidade do ar fica favorável e garante que as mudas estejam sempre expostas à temperatura e à quantidade de luz ideais. O processo adotado também reduz os riscos de contaminação e interferências, comuns em caso de mudanças bruscas de temperatura.
Vantagens
Outros diferenciais das hortaliças da BeGreen é que a produção é livre de agrotóxicos e consome um volume de água 90% menor do que as convencionais. Além de deixarem uma pegada de carbono bem menor. Isso se deve à proximidade entre as unidades produtivas da agtech e os consumidores (a companhia vende por meio de assinaturas). A eficiência logística faz com que só 2% da produção sejam perdidos durante o transporte —normalmente são 40%.
Segundo Giuliano Bittencourt, fundador e CEO da BeGreen:
“Em vinte anos, a sustentabilidade deixou o aspecto de ONG, de assunto periférico, para se tornar um tema central dentro e fora dos governos.”
E ainda complementou:
“Conseguimos mostrar que negócios sustentáveis geram riqueza, e assim trouxemos o assunto para o centro das discussões.”
Pandemia conscientizou sociedade
Contudo, a pandemia acelerou a conscientização da sociedade, diz ele.
“Hoje as pessoas têm a percepção de que assim como um vírus surgido lá na China pode se espalhar por todo o mundo, o aumento de lixo ou da emissão de CO2 em um único país também pode causar um impacto global.”
Doação de alimentos
Desde a fundação, há cinco anos, a agtech já doou mais de 100 toneladas de hortaliças para bancos de alimentos e comunidades carentes. Para convencer mais gente a aderir à alimentação saudável (e a hábitos menos nocivos ao meio ambiente), a companhia abre as portas de suas estufas para visitas de escolas e interessados em geral.
Na saída, os alunos ganham um pequeno buquê de folhas.
*Foto: Reprodução