Atualmente a produção da soja gira em torno de 60 milhões de toneladas por ano, e por causa dessa proporção, a planta é a principal biomassa usada na produção de biodiesel no Brasil, correspondendo a 80% da sua fabricação. Quando o Programa Nacional do Uso e Produção de Biodiesel (PNPB) foi lançado pelo governo federal, o objetivo era investir na mamona, mas o cultivo em grande escala da soja e a sua capacidade de giro de mercado, fizeram dela uma matéria-prima mais atraente.
Apesar dessas vantagens, a soja não é a base ideal para a produção de biodiesel, pois, ela gera um óleo instável e mais predisposto a sofrer variações, características que não são desejadas quando falamos de um combustível. Outra desvantagem está no cultivo, que já chegou no seu avanço máximo e é pouco provável que o governo faça investimentos e aplicações de melhorias, apesar disso, nenhuma matéria-prima se mostrou tão eficiente para ocupar o seu espaço.
O cultivo da soja possui uma cadeia produtiva bem estruturada e, atualmente, a sua produção conta com uma tecnologia de ponta, que são bem definidas em cada etapa do processo. O seu modelo de fabricação foi totalmente padronizado e pode ser aplicado com eficiência em qualquer parte do país, além disso, o retorno do plantio é rápido, entre 4 e 5 meses.
Outra vantagem da produção da soja está na sua comercialização, é um dos produtos agrícolas mais fáceis de serem vendidos, tendo em vista os poucos produtores mundiais que existem (EUA, Brasil, Argentina, China, Índia e Paraguai) e o volume ainda mais reduzido de exportadores (EUA, Brasil, Argentina e Paraguai), a boa notícia está na sua procura, que atualmente é mundial. Outro facilitador comercial está no armazenamento, ela pode ser guardada por longos períodos, até a melhor oportunidade de venda.
Um fenômeno agrícola
De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), em 2018 a produção e exportação da soja no Brasil deve atingir o seu maior índice, chegando a 114,7 milhões de toneladas, volume 2,3% maior que o ano passado. Nas exportações, o país deve atingir a marca de 68 milhões de toneladas enviadas para o mundo todo apenas esse ano. Não é à toa que o país é considerado um dos líderes mundiais na produção de grãos, sendo o segundo maior produtor de soja do mundo e o terceiro maior de milho.
A produção de soja no Brasil não apenas levou avanços tecnológicos para o setor energético, como contribuiu para uma revolução sócio-econômica que pode ser comparada ao fenômeno ocorrido com a cana de açúcar. O cultivo dessa planta responde diretamente para o Brasil por uma receita cambial de mais de 8 bilhões de dólares por ano, além disso, foi desenvolvida toda uma nova civilização na região central em torno da sua cultura.
O plantio da soja apoiou a mecanização da agricultura nacional, expandiu as fronteiras agrícolas, enriqueceu a dieta da população, acelerou a urbanização do país, auxiliou na tecnificação de outros cultivos, como o milho, e impulsionou a agroindústria brasileira.