Tributação dos combustíveis zerada deve ficar até 2024, diz analista do Rabobank
A safra 2023/24, que começa só em abril do ano que vem, já tem sido marcada por alguns pontos polêmicos. O principal deles, é a manutenção ou não da chamada ‘zeragem’ na tributação federal dos combustíveis, PIS/Pasep e Cofins, além do teto na alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos estados, que na maioria dos estados é de 17% ou 18%.
Tributação dos combustíveis
De acordo com declaração em entrevista ao Notícias Agrícolas, Andy Duff, estrategista global de açúcar do Rabobank, em relação à tributação dos combustíveis:
“A nossa premissa é que vai ter prorrogação da volta dos impostos federais até 2024 e que o sistema de precificação [paridade dos combustíveis com o valor negociado no cenário internacional] vai ficar igual. Na nossa avaliação, é muito difícil mudar isso, ainda mais com rapidez.”
Novo governo com a tributação dos combustíveis
Por outro lado, em caso desses pontos levantados pelo analista do banco se confirmarem com o novo governo e Congresso, os preços da gasolina no Brasil deverão seguir mais ou menos nos níveis atuais, ou um pouco mais altos devido à perspectiva de um mercado firme de petróleo no próximo ano, ressalta Duff.
“Estamos falando em preço de gasolina aqui em São Paulo girando ao redor de R$ 5,20 o litro.”
Usinas do Centro-Sul do Brasil
O cenário de combustíveis é acompanhado muito de perto pelas usinas do Centro-Sul do Brasil, uma vez que no país o etanol hidratado é usado como um substitutivo da gasolina nas bombas dos postos. Porém, com os preços da gasolina mais compensadores, na paridade entre os dois acima de 70%, os consumidores tendem a optar mais pelo fóssil, o que impacta na demanda.
“Na safra que vem, esperamos que o preço médio do etanol ficará levemente abaixo do que a gente espera no atual ano-safra, em torno de R$ 2,80 o litro, sem impostos.”
Açúcar
Sendo assim, diante dessa perspectiva de preços do etanol menos compensadores que o açúcar, as unidades produtoras já se planejam para a próxima temporada com um mix mais voltado para o adoçante. A safra 2023/24 é estimada em 575 milhões de toneladas pelo Rabobank em meio à expectativa de crescimento da produtividade, sobre 540 milhões de t projetadas na temporada atual.
Cana e milho
Contudo, o banco estima a produção total de etanol (cana e milho) do Centro-Sul do país para 31,1 bilhões de litros na próxima temporada, ante 28,6 bilhões no ciclo anterior. Somente de cana, o volume saltará para 25,2 bilhões de litros, contra 24,1 bilhões na safra anterior.
Já a produção de açúcar na principal região produtora de cana do país é apontada pelo Rabobank em 35 milhões de toneladas no próximo ciclo, sobre 32,5 milhões na temporada atual.
Por fim, o governo federal no meio deste ano buscou diversas alternativas para combater o impacto dos combustíveis na inflação. Com apoio do Congresso, decidiu-se então pelas isenções temporárias de impostos sobre a gasolina, o diesel e o gás liquefeito de petróleo (GLP), classificados como produtos essenciais, derrubando os preços em todo o país. Em contrapartida, as perdas de arrecadação deverão ultrapassar R$ 80 bilhões.
*Foto: Reprodução