27 novas plantas de biometano podem ocorrer por meio de distribuidoras de gás e produtores de biogás, que estudam potencial de conexão de novas plantas à rede de gasodutos
Distribuidoras de gás natural e produtores de biogás já mapearam 27 novas plantas de biometano com potencial de conexão à rede de gasodutos nos próximos anos, no território nacional.
27 novas plantas de biometano
De acordo com o levantamento realizado pelo grupo de trabalho conjunto composto pela Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) e pela Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), em maio, tem o objetivo de desenvolver o uso do combustível renovável pelas concessionárias estaduais.
Vale lembrar que em setembro do ano passado, a ANP autorizou a operação da quarta planta de biometano no país.
O que é biometano?
Biometano é um tipo combustível renovável produzido a partir da purificação do biogás, produzido, na indústria sucroalcooleira, a partir de material orgânico residual (vinhaça e torta de filtro da cana-de-açúcar) proveniente do processo de cultivo e processamento da cana.
Expectativa
Já a expectativa das associações é que a produção nacional de biometano chegue a 2,2 milhões de m3/dia até 2027. E desse total, 1,3 milhão m3/dia deve vir do biogás produzido no setor de saneamento (como aterros sanitários). Além disso, o segmento de sucroenergético deve responder por 700 mil m3/dia e o segmento agroindustrial por mais 200 mil m3/dia.
Estado com maior número de plantas
Cotudo, o estado de São Paulo é o que possui o maior de número de plantas de biometano. Com 15 plantas no total, ele é seguido pelo Rio Grande do Sul, com 6. E ainda há novos projetos mapeados no Rio de Janeiro, Pará, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Amazonas.
Mais participação no país daqui dois anos
Segundo Marcelo Mendonça, diretor de Estratégia e Mercado da Abegás, daqui a dois anos, ou seja, na próxima grande janela de conrratação de molécula por parte das distribuidoras, a participação do biometano já será consideravelmente maior no país. E isso ajudará as concessionárias estaduais a diversificar o portfólio de suprimento.
Por outro lado, fora as 27 novas unidades do combustível renovável, Mendonça afirma que a produção nacional avançará ainda mais nos próximos cinco a dez anos.
Biometano em veículos pesados
Entretanto, o diretor não acredita que todas as usinas de biometano serão, necessariamente, conectadas à rede das distribuidoras.
Para o executivo da Abegás, seria um desperdício para o Brasil ignorar o potencial de uso do produto na frota de veículos pesados (caminhões e ônibus). Mas isso independe, muitas vezes, da interligação entre a planta de biogás e a rede de gasodutos.
Atualmente, ele destaca que o país se quer produz 1% do seu potencial — da ordem de 100 milhões de m3/dia.
“Atualmente, produzimos 400 mil m3/dia e injetamos na rede aproximadamente 100 mil m3/dia. É muito pouco. Mesmo levando em consideração que esse potencial de 100 milhões de m3/dia inclui áreas onde a produção e o escoamento de biometano seria muito difícil. Se conseguirmos viabilizar 20% disso, será uma grande conquista, que mudará o panorama da distribuição de gás no país.”
Novos mercados
Sobre novos mercado, Mendonça diz que a estimativa é de que o uso de 30 milhões de m3/dia de biometano para substituir o diesel utilizado por esses veículos, “faria o Brasil economizar de US$ 6 bilhões a US$ 7 bilhões por ano em importações [de diesel]”.
Substituição nos EUA e Suécia
Por fim, a substituição do diesel por biometano já é feita com sucesso em Estocolmo (Suécia) e em Los Angeles (EUA), onde os ônibus urbanos utilizam apenas o gás renovável.
“É importante introduzir o biometano nas políticas públicas. Essa substituição, por exemplo, reduziria em muito a nossa dependência do diesel importado e certamente teria um impacto muito positivo nos preços.”
*Foto: Unsplash