Zona rural brasileira tem procura triplicada em 5 anos; com o propósito de conseguirem maior proteção depois de adversidades climáticas que prejudicaram as safras em temporadas recentes
A procura por seguro rural no Brasil triplicou nos últimos cinco anos. É o que revelou um estudo da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras). Diante disso, os produtores buscam maior proteção depois de adversidades climáticas que afetaram as safras em temporadas recentes.
Zona rural brasileira
Além disso, a subvenção governamental ao prêmio do seguro rural aumentou nos últimos anos. E isso refletiu no crescimento do mercado, além de estimular a contratação pelos produtores.
O indicador de aumento da procura é a arrecadação do seguro rural, que atingiu R$ 12,6 bilhões de janeiro a novembro de 2022, alta de 40% versus 2021, disse CNseg. No mesmo período de 2018, o setor havia arrecadado R$ 4,28 bilhões. É o que afirma o vice-presidente da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais, Daniel Nascimento:
“É evidente que a subvenção é o alicerce do mercado de seguros, e uma maior procura dos segurados faz também com que a subvenção venha a diluir o custo financeiro deles, seja subvenção federal, concedida por meio do governo federal, e até subvenções estaduais.”
Ele ainda acrescentou que há uma percepção de risco maior para o produtor, especialmente pelas perdas ocorridas no último ano. Também disse que em 2022 houve a quebra da safra de soja. Porém, no ano anterior, os produtores também tiveram perdas por geadas, como no plantio de milho ou café, no Sul e Sudeste.
Aporte
Vale destacar que no ano passado, o governo federal concedeu pouco mais de R$ 1 bilhão para a subvenção ao prêmio do seguro, versus R$ 1,15 bilhão em 2021, o que mostra que o interesse do produto em segurar sua safra aumentou apesar de uma queda no subsídio dado pelo governo, segundo dados da CNseg. Em 2018, foram ofertados em subsídios quase R$ 370 milhões.
De acordo com Nascimento, a demanda no mercado pela subvenção em 2022 era por algo próximo a R$ 1,7 bilhão.
Novo ministro
O novo ministro da Agricultura, Cárlos Fávaro, afirmou nesta semana à Reuters que o seguro rural será uma das prioridades de sua gestão. Enquanto isso, a federação das seguradoras disse que está atenta às iniciativas governamentais, inclusive nos Estados, para manter o crescimento.
Mas, apesar do aumento do seguro nos últimos anos, a proporção entre a área plantada e a segurada é de 15% no Brasil. E isso é considerado um índice baixo quando comparado com outros importantes produtores agrícolas, como Estados Unidos (cerca de 90%) e China (perto de 65%), segundo dados mencionados por Nascimento.
Isso revela também o potencial do mercado brasileiro para as seguradoras. Mas, também indica riscos elevados para o setor de seguro, com o clima tendo castigado safras de soja, milho, cana e café nos últimos anos.
Sul do Brasil
Por outro lado, a região Sul do país foi quem liderou a procura pelo seguro rural em 2022 no acumulado até novembro. Já no ranking de Estados aparecem: Rio Grande do Sul (19,1%), seguido pelo Paraná (17,7%), São Paulo (15,7%), Goiás (9,3%) e Mato Grosso do Sul (8,7%).
Juntos, esses Estados representaram 70,5% da arrecadação nacional no período.
Seguro rural
Para o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, o seguro Rural é essencial para a agricultura no país. Ele citou que os produtos estão disponíveis para agricultores que seguem as boas práticas de manejo, como zoneamento agrícola, além da adequada correção de solo, adubação e controles fitossanitários.
Indenizações
Se por um lado mais produtores têm buscado se proteger das intempéries, as quebras recentes de safras resultaram em um forte aumento nos pagamentos das indenizações. No caso, subiram de R$ 1,95 bilhão em 2018 para R$ 10,3 bilhões em 2022, alta de 78,6% ante ante 2021.
Pela primeira vez na história do país, as indenizações ultrapassaram os R$ 10 bilhões, indicou o CNseg.
Por fim, diante das quebras de safra, a Brasilseg, líder em seguros do agronegócio, com aproximadamente 60% do mercado no país, está planejando dividir o risco de suas apólices com mais resseguradoras, disse um presidente da seguradora, Rogério Idino, à Reuters, no início do mês.
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