Maiores construtoras nacionais encolheram suas receitas nos últimos três anos, entre 2015 e 2018, despencando de R$ 71 bilhões para R$ 10,6 bilhões
Em três anos, as maiores construtoras do país encolheram suas receitas em 85%, sofrendo uma grande queda durante o período de 2015 a 2018, despencando de R$ 71 bilhões para R$ 10,6 bilhões. Os dados são do jornal Valor Econômico, que foram baseados nos balanços das empresas.
As empresas a que o jornal se refere são: Odebrecht; Andrade Gutierrez, que teve à frente da presidência o executivo Otávio Marques de Azevedo; Camargo Corrêa, que já teve como presidente do conselho o executivo Vitor Hallack; Queiroz Galvão; Galvão Engenharia; UTC Engenharia e Constran.
Já a OAS não entrou para essa lista, pois a mesma não divulgou seu balanço de 2018. Ela foi considerada a segunda maior construtora no ano de 2015. No entanto, é possível verificar seus índices até 2017, quando foi constatado que em apenas dois anos de análise, sua receita líquida registrou um tombo de 75%, em comparação ao valor faturado pelas oito maiores construtoras que caiu de R$ 75,6 bilhões, em 2015, para R$ 18,3 bilhões, em 2017.
Qual o futuro das construtoras?
Segundo especialistas do setor, não há como prever se tais construtoras voltarão a fechar contratos para grandes obras. No entanto, houve um consenso de que elas podem sobreviver ao mercado, porém, com lucratividade menor em comparação aos áureos tempos.
Um dos motivos para esta queda da receita das maiores construtoras brasileiras está atrelado à própria Lava-Jato (iniciada em 2014), e a crise econômica que assolava o país no mesmo período. Os especialistas ressaltam que por esta razão houve uma interrupção dos investimentos em infraestrutura no Brasil. Além disso, as contas públicas estavam arruinadas e os orçamentos, congelados e, consequentemente, esses fatores contribuíram para a diminuição nos investimentos dos governos.
Desemprego
Segundo informações do Sindicato Nacional da Indústria de Construção Pesada e Infraestrutura (Sinicon), a crise no ramo de construção culminou no encolhimento de negócios, além da perda de um milhão de empregos formais no país, entre 2014 e 2019.
Portanto, com a paralisação nacional da economia, principalmente no setor que corresponde a estas construtoras, ainda não teve como prever um teste real sobre a sobrevivência deste ramo de atividade. Também não há como saber se o modelo de acordos de leniência será suficiente para a prática de um perdão socioeconômico.
Na opinião do presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Venilton Tadini, as maiores construtoras não perderam destaque no mercado e ainda ressaltou ao Valor Econômico:
“Infraestrutura requer economia de escala e o tamanho é fundamental. As médias têm limitações financeiras, de garantias.”
Porém, em relação à economia geral, o panorama ainda é de crise. Com isso, não há obras “nem para grandes, nem médias, nem pequenas” empresas.
As primeiras dificuldades das construtoras
Com a paralisação das obras, as grandes construtoras entraram em crise financeira, principalmente as que haviam cumprido contratos para a Petrobras. Na ocasião, a petroleira suspendeu o pagamento a estas empresas, assim que as revelações da Lava-Jato vieram à tona, além da própria crise enfrentada pela estatal.
Em decorrência disso, naquele mesmo ano, a Galvão Engenharia realizou uma recuperação judicial em um prazo de quatro meses.
O mesmo aconteceu com a Odebrecht, que levou à Justiça em junho deste ano uma alta dívida com bancos e seguradoras, no valor de R$ 65,5 bilhões.
Já a Camargo Corrêa alçou uma maior estabilidade diante da crise. O feito se deve à controladora do grupo que conseguiu em dois anos R$ 7 bilhões com a venda da Alpargatas e da CPFL Energia.
Tanto a Camargo Corrêa, como a Odebrechet e a Queiroz Galvão estiveram envolvidas recentemente em ações judiciais, em decorrência das obras do Metrô de Salvador.
Diagnóstico pós-Lava-Jato
Ainda há uma desconfiança em relação aos negócios do ramo de construção. Pois, na visão dos especialistas do setor, os donos das companhias são os mesmos e o que muda são os executivos que trabalham para elas.
Ainda segundo eles, em relação à era pós-Lava-Jato, o modelo econômico deveria ser baseado na exigência de cobertura integral ou majoritária de seguro para a despesa com as obras, assim como acontece em outros países, no intuito de punir as construtoras que demonstrem ineficiência no cronograma e execução do orçamento.
Fontes: Valor Econômico e site Portos e Navios
*Foto: Divulgação