Estudo sobre consumo consciente da população brasileira foi realizada entre a empresa Mandalah e a plataforma de inteligência artificial Stilingue
Com a intenção de entender reflexões dos brasileiros sobre como eles podem ser mais ativos em relação a transformação dos padrões de consumo, a Mandalah, consultoria especializada em inovação consciente e a Stilingue, plataforma de inteligência artificial para monitoramento da internet, desenvolveram um estudo sobre consumo consciente no país. Batizado de CC+, a pesquisa combina insights de entrevistas realizadas com 10 especialistas sobre consumo, com dados quantitativos e qualitativos de um trabalho de ‘social listening’. Ele foi coletado ao longo de 2020, e ainda recolheu outros dados e pesquisas já disponíveis no mercado.
Consumo consciente antes da pandemia
Além disso, o estudo aponta que os hábitos de sustentabilidade já vinham sendo praticados antes do período de pandemia de Covid-19. Porém, com a crise sanitária, as práticas de consumo mais consciente cresceram. Entre os quais o movimento DIY (faça você mesmo).
Conclusão do estudo
O estudo CC+ concluiu que o perfil do consumo consciente evidencia mais que as periferias se sobressaem quando o assunto é o senso de comunidade. Nestes locais, o movimento é liderado por mulheres antes de homens, por pessoas antes de marcas.
Essas mulheres se mostram à frente e, com isso, o estudo destacou 12 tendências que o brasileiro tem neste momento.
1 – Adaptação
Um dos recursos mais usados nestes últimos tempos pelos brasileiros foi o ato de meditar nas redes sociais. 1 ano atrás este número registrou um aumento de 139%.
2 – Natureza – retornar é preciso
Muitos brasileiros foram atrás do turismo ecológico, se reconectar com a mãe natureza. Pela praticidade do home office, pessoas decidiram “fugir” para locais com mais verde e trabalharem de lá.
3 – Olha para a própria casa
Muitos olharam mais para seus lares e os ressignificara. Aquela reforma necessária para habitar mais a própria casa. Com isso, muitas plantas, hortas, além de autocuidado e bem-estar passaram a fazer mais parte do cotidiano dos brasileiros. Isso gerou menos ansiedade também. Pequenas movimentações que fizeram muito bem.
4 – DIY (faça você mesmo)
O conceito de DIY (faça você mesmo) ganhou mais força e muitas descobriram ou redescobriram aptidões para o artesanato. Colocaram a mão na massa e fizeram seus próprios arranjos. Exemplos: vasos de flores com objetos que já tinham e por aí vai.
Além disso, os conteúdos digitais também cresceram se tornando parte da cultura maker. Este segmento cresceu em 40% no volume de publicações Do It Yourself (DIY). Foram mais de 53 mil publicações durante a quarentena.
5 – Senso de comunidade e coletividade
Contudo, em tempos de crise, o sentimento de coletividade é potencializado. Foi o que ocorreu durante a pandemia. Isso porque a relação com vizinhos e com o próprio bairro foi necessária para aguentar este período delicado. Isso engloba o consumo consciente de produtos locais e o comércio social. Mais de 739 mil menções sobre doações entre março e julho. Um aumento de 139% quando comparado com o mesmo período no ano passado.
6 – Artesanato em alta
Em vez de mais industrial, o artesanato ganhou mais espaço. Além disso, as pessoas estão mais desconfiadas das grandes empresas. Portanto, os produtores locais conquistam maior reconhecimento na pandemia. Surgindo mais microempreendedores e micro influenciadores.
Portanto, no atual cenário, as pessoas sentem que aquilo feito em casa ou nos arredores é mais seguro. O termo “artesanal” está mais em alta do que nunca. Um exemplo é que no último Dia dos Namorados foi registrado o maior pico de referências à tendência, o que impulsionou o movimento #compredequemfaz #comprelocal.
7 – Minimalismo
As pessoas passaram a reavaliar o que de fato é essencial em sua vida, principalmente em relação a bens materiais. Em contrapartida, os brasileiros estão buscando mais qualidade de vida, coisas simples, como contemplar um céu azul. Foram levantadas mais de 26 mil publicações sobre estilo de vida minimalista e essencialista, entre março e julho de 2020.
8 – Cozinhando em casa
Quem antes trabalhava fora e almoçava mais em restaurantes, hoje criou o hábito de fazer a própria refeição por estar trabalhando em casa. Sendo assim, foi descoberto um novo prazer, novas receitas e ainda reaproveitamento de alimentos, reduzindo o desperdício.
Apesar dos gastos com delivery terem crescido mais de 94% (Fonte: Mobills) em 2020, as restrições econômicas, a preocupação com a saúde e com o impacto ambiental das embalagens têm feito a revolução da cozinha ser um movimento em alta.
Mais de 1,1 milhão de publicações sobre receitas nas redes sociais durante a quarentena e as principais narrativas relacionadas à prática refletem sobre a vida atarefada e crise econômica do momento:
- preguiça para cozinhar – 7,4%;
- lavar louça posteriormente – 3,1%;
- dinheiro economizado – 0,9%.
Já o pãozinho permanece trend, com aumento de 223% do termo fermentação natural, quando comparado com o período entre março e julho de 2019.
9 – O boom das vendas online
Empresas que não tinha um engajamento digital forte foram obrigadas a entenderem este universo para sobreviverem à pandemia. Hoje, muitas delas, funcionam só no modo online. De fevereiro a julho de 2020, viu-se um aumento de 128% nas menções a “ter feito alguma compra online”.
10 – Na contramão do consumo consciente
Entretanto, muitos sofreram com desequilíbrios na saúde mental, por causa das privações na pandemua. E em vez de praticarem o consumo consciente, aumentaram o consumo desenfreado, principalmente o oline. Exemplo: associação do termo “vinho” a “delivery” foi 9x maior em 2020 do que no ano anterior, quando comparado o período entre março e julho.
11 – Saúde e bem-estar
Mas teve uma grande parcela que foi atrás de saúde e bem-estar. Passaram a praticar mais atividade física. Além disso, o autocuidado diário está mais evidente. Foram captadas mais de 307 mil publicações sobre meditação no mesmo período. Em fevereiro, antes da pandemia, eram em torno de 26 mil menções ao ato de meditar nas redes sociais. Em março, este número registrou um aumento de 139%.
12 – Sustentabilidade
Por fim e também muito importante, os brasileiros estão se preocupando mais com a renegeração. Em suma, a pandemia está atrelada aos desequilíbrios da sociedade globalizada contemporânea. E isso tudo fez crescer as preocupações com o futuro do nosso planeta.
Houve um crescimento linear de menções ao termo “sustentabilidade” ao longo do período da quarentena. Referências ao “coletor menstrual”, apresentaram aumento de 53% quando comparado com o mesmo período (março a julho) de 2019, ano em que o discurso aparece mais conscientizador e explicativo sobre os benefícios. Já em 2020, o produto aparece relacionado à expressão “quero comprar” em (2,7%) das publicações.
*Foto: Divulgação/Diego Ferreira