Etanol de milho brasileiro terá produção 17% acima do previsto da safra 2022/23, afirma Unem (União Nacional do Etanol de Milho)
A produção de etanol anidro a partir do milho no Brasil ficará 17% acima do previsto na safra 2022/23. Isso ocorrerá por conta da desoneração federal dos combustíveis, que tornou a gasolina mais competitiva que o biocombustível hidratado. É o que revelou na última quinta-feira (19) a Unem (União Nacional do Etanol de Milho), que divulgou um estudo sobre o assunto.
Etanol de milho brasileiro
Inicialmente, a produção de etanol anidro, utilizado na mistura com a gasolina, havia sido estimada em 1,47 bilhão de litros do combustível (de milho). No entanto, deve terminar a safra ao final de março em 1,72 bilhão de litros.
Em compensação, a produção de etanol de milho (hidratado), que havia sido inicialmente estimada em 2,92 bilhões de litros, deverá encerrar a temporada em 2,67 bilhões de litros, uma vez que com a desoneração do PIS/Cofins -implementada em meados de 2022 e depois postergada até o final de fevereiro – torna a gasolina mais competitiva, pois o biocombustível tinha uma vantagem tributária.
Sendo assim, a produção de hidratado a partir do milho ficou 8,6% abaixo do projetado inicialmente, já que o consumo de gasolina aumentou, impulsionando a fabricação do etanol anidro, misturado a uma proporção de 27% no combustível fóssil para venda nos postos brasileiros. Com isos, a desoneração teve como objetivo reduzir o impacto da alta de preços dos combustíveis na inflação.
Flexibilidade
De acordo com o presidente-executivo da Unem, Guilherme Nolasco, o setor tem flexibilidade de alternar a produção de etanol hidratado para anidro, evitando prejuízos.
Porém, ele observa que este aumento de consumo de gasolina frente ao etanol tem vários impactos negativos, “pois força a demanda por etanol anidro e diminui a oferta de hidratado no mercado em meio a entressafra da cana-de-açúcar”. Hoje, o etanol de cana corresponde a maior parte do abastecimento, com produção de mais de 25 bilhões de litros no acumulado da safra.
Nolasco disse também que a desoneração estimula o aumento de importação de gasolina e “inicia um círculo vicioso de diminuição da competitividade do biocombustível frente ao combustível fóssil e fuga de divisas”.
Além disso, há o maior consumo de um combustível mais poluente, no caso, a gasolina.
“Quando o governo desonera os derivados de petróleo vai na contramão dos acordos internacionais para redução das emissões de gases de efeito estufa e de mudanças climáticas.”
Preços
Contudo, o presidente do Unem aponta que o etanol de milho, com uma produção que cresce anualmente com taxa de dois dígitos, também vem ajudando a reduzir a pressão de preços altos na entressafa de cana, com pico no começo do ano.
Nas últimas cinco safras, a produção de etanol de milho no Brasil aumentou 450%, passando de 790 milhões de litros na temporada 2018/19 para 4,39 bilhões de litros na safra 2022/23, revelou a Unem.
Neste período, o processamento de milho pelo setor passou de 1,47 milhão de toneladas para 10,1 milhões de toneladas. Porém, a safra nacional cresceu mais neste intervalo, garantindo a oferta da matéria-prima, afirmou a União.
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