Nova modalidade fez o uso de rodovias para transporte de grãos cair, revela estudo da EsalqLog
Atualmente, o agronegócio brasileiro depende cada vez menos das rodovias. Mas por outro lado, quando se fala em exportação, especialmente de soja e milho, a matriz rodoviária ainda é a titular.
Transporte de grãos no Brasil
De acordo com um estudo conjunto entre o Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (EsalqLog) da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP) e o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), dependência do transporte rodoviário de soja caiu de 74,7% em 2010 para 67,4% para 2019. Em compensação, movimentação por ferrovias aumentou de 20,2% para 24%, e a movimentação hidroviária quase duplicou no período, passando de 5,1% para 8,6%. Além disso, no mesmo período, a produção de soja aumentou em 74,3%.
Exportação de soja
Quando se fala em exportação de soja, a matriz de transporte apresentou um aumento da dependência do rodoviário de 44,7% (2010) para 49,1% (2019), ante a uma redução relativa do uso de ferrovia de 47% para 38,3% e um aumento do uso de hidrovias de 8,3% para 12,6%. As exportações de soja no período analisado cresceram 155%.
Mudanças
Contudo, o estudo revelou também a mudança da matriz de transporte de grãos no Brasil no período de 2010 a 2019. Isso tanto para o mercado internacional, quanto o doméstico. O levantamento foi conduzido pelo pesquisador e coordenador técnico da EsalqLog, Thiago Guilherme Péra, pelo professor José Vicente Caixeta-Filho, coordenador geral do grupo, e pela economista sênior do Agricultural Marking Service do USDA, Delmy L. Salin.
Milho
Em relação ao milho, a análise agregada revela que os caminhões enviaram a maior parte do grão da fazenda aos principais destinos (doméstico e portos). Isso equivale a quase 69% dos movimentos totais em 2019, seguidos por ferrovias (21%) e hidrovias (10%).
Por outro lado, a dependência do transporte rodoviário reduziu de 83,8% em 2010 para 69,2% em 2019. Já o maior crescimento em termos de diversificação da matriz de transporte aconteceu para o hidroviário, com uma alteração na participação de 1,2% em 2010 para 9,6% em 2019. No mesmo período analisado, a produção de milho cresceu 78,6%, pontua o pesquisador Thiago Péra.
Exportação do milho
Contudo, na exportação do milho, o Brasil apresentou um aumento na dependência do transporte rodoviário de 20% em 2010 para 31% em 2019. Sendo assim, houve redução na movimentação por ferrovia de 77,5% para 49,5% e forte aumento na movimentação por hidrovia de 2,5% para 19,5%. Sobre isso, Péra afirma:
“Tal configuração foi resultado da explosão das exportações de milho da última década.”
Distâncias
Por fim, o estudo aponta que a distância média percorrida por um caminhão para levar soja e milho das fazendas para qualquer destino que não seja os terminais ferroviários e de barcaças é de 357 quilômetros.
As ferrovias transportam milho a uma distância média de 1.258 quilômetros e soja, 1.047 quilômetros. Em média, os embarques de barcaças de milho viajam 1.075 quilômetros e soja, 989 quilômetros.
*Foto: Divulgação/Ivan Bueno