Instituto Soja Livre foca na soja livre de transgênicos que pode contribuir na rentabilidade do nicho, o que pode mitigar o risco para a cadeia
Os créditos de carbono para soja livre de transgênicos foram pauta de reunião de representantes do Instituto Soja Livre (ISL), consultores e empresas do ramo com setores ministeriais ligados à atividade agrícola em Brasília na terça-feira (13).
Instituto Soja Livre
Já a agricultura sustentável brasileira é fundamental para o sequestro de carbono e as discussões giraram em torno do segmento de não transgênicos. Com isso, sua importância na preservação da biodiversidade das sementes de soja e o perfil dos solos do Cerrado brasileiro, que é conhecido como floresta invertida, guardam estoques significativos de carbono.
De acordo com Vasco Van Roosmalen, cofundador da ReSeed, empresa especializada na gestão de créditos de carbono:
“Apenas 1% dos créditos de carbono no mercado são voltados à agricultura, apesar do setor ser fundamental para as emissões e gestão de estoques de carbono.”
Nicho de mercado
Para o gerente executivo do ISL, Eduardo Vaz, a cadeia da soja convencional já foi muito penalizada por conta da volatilidade dos prêmios pagos ao produtor. Inclusive, nesta safra é esperada uma queda da intenção do plantio por causa da discrepância de prêmios.
“O crédito de carbono da soja não-transgênica poderá contribuir na rentabilidade do nicho, descorrelacionando exclusivamente o prêmio do farelo europeu, mitigando assim o risco para a cadeia. Além disso, contribui na pegada ambiental dos mais exigentes mercados.”
Expectativa
Cobtudo, a expectativa é que haja mais estabilidade para a produção e o desenvolvimento de sementes convencionais no Brasil. É o que explicou Luiz Fiorese, diretor da Quati Sementes e conselheiro do Instituto Soja Livre:
“A alta volatilidade dos prêmios do não-transgênico e a baixa previsibilidade dos volumes demandados traz enormes desafios para a nossa atividade.”
Produtores rurais
Por outro lado, os produtores rurais brasileiros atendem altas exigências dos consumidores europeus, o que os torna, segundo Luiz Fiorese, “campeões de sustentabilidade, jogando dentro das regras do mercado europeu há anos, mas também exercem grande pressão econômica para a cadeia de fornecimento brasileira”.
Os consultores Fernando Nauffal Filho e Johnny Drescher concordam com o executivo. Para eles, o mercado de não-transgênicos apresenta grandes oportunidades no tema das emissões de CO2, pelo histórico do setor no cumprimento de todos os requisitos de sustentabilidade, uma exigência de longa data dos importadores europeus ligados a cadeia do “GMO Free”.
Drescher diz ainda que os extremos climáticos vividos pelos europeus nos últimos anos têm trazido discussões acalaloradas sobre o aquecimento global. Além disso, os projetos de sequestro de carbono estão no centro das atenções, especialmente em um cenário onde a Alemanha tenta substituir o uso de combustíveis fósseis, “processo que se acelerou com a guerra entre russos e ucranianos”..
Momento favorável
O Brasil sediará em 2025 a COP-30. Postanto, esse também é um momento favorável para projetos envolvendo créditos de carbono e a sustentabilidade da cadeia da soja convencional. Na Europa, os volumes de importação certificada sob o selo de não transgênicos originadas no Brasil garantem a sustentabilidade deste mercado e a liberdade de escolha na alimentação de uma população com alto nível de exigência.
No agronegócio, segundo Fernando Naufall, grandes empresas empregam atualmente muitas pessoas no país.
“Além disso, presença do Brasil como um dos maiores fornecedores de alimentos no mundo tem permitido que centenas de milhões de pessoas no mundo saiam da insegurança alimentar e mantenham dietas nutricionais adequadas.”
Setor de sustentabilidade do Banco do Brasil
As discussões incluíram também uma agenda com o setor de sustentabilidade do Banco do Brasil, recepcionados pelo assessor da Vice-Presidência de Governo e Sustentabilidade, André Machado, onde os fluxos de não transgênicos entre Brasil e Europa foram apresentados pelo consultor Johnny Drescher, conectando assim o tema às questões dos créditos de carbono na agricultura.
Por fim, também participaram das reuniões Jones Petry, diretor comercial da Quati, Chang Wilches, chefe geral substituto da Embrapa Cerrados, Rogério Vian, Presidente do GAAS, Maria Eduarda Senna Mury, advogada especialista em regulamentação de CCS para a ReSeed, Mariana Coelho, da Conecta Associados, e Dalci Bagolin, coordenador geral de Promoção Comercial do MAPA.
*Foto: Reprodução/Unsplash (Daniela Paola Alchapar – unsplash.com/pt-br/fotografias/AlqMN9ub3Aw)