Jardim Aquícola trata efluentes e reaproveita os nutrientes na água para a produção comercial de plantas
A partir de uma miniestação é possível tratar efluentes de viveiros escavados para produção de flores. É o que dizem pesquisadores da Embrapa Instrumentação (SP). Eles batizaram o projeto de Jardim Aquícola, que trata esses efluentes que possuem excrementos de peixe, restos de ração não consumida, algas e micro-organismos. Além de reaproveitar os nutrientes na água para a produção comercial de plantas ornamentais, como os copos-de-leite (Zantedeschia aethiopica). Esta planta, originário da África do Sul, é a segunda planta ornamental mais exportada pelo Brasil, com uma demanda mundial crescente, o que contribui para a sustentabilidade econômica da tecnologia.
Jardim Aquícola – inspiração na natureza
A inspiração para o Jardim Aquícola vem de um desdobramento do Jardim Filtrante. Esta também é uma tecnologia com base em áreas alagadas e destinada ao saneamento básico rural, principalmente no tratamento das chamadas águas cinzas. Ou seja, esgoto residencial oriundo de pia, banheiro e tanques.
Wilson Tadeu foi o responsável por adaptar o processo de funcionamento do Jardim Filtrante. Com isso, foi permitido reusar a água, tornando mais natural a proposta de usar a tecnologia de tratamento de efluentes da piscicultura.
Implantação do projeto
Em 2018, começou a implantação do projeto, que entrou em operação em agosto do ano seguinte, no sítio São João, situado na Bacia do Ribeirão Feijão. O local é responsável por aproximadamente 30% do abastecimento de água da população de São Carlos, distante quase 20 km da propriedade.
Assim como este projeto, a produção de plantas medicinais também recebem tecnologia, no caso, em sua pós-colheita. Aqui, o apoio vem do EPAMIG (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais).
Funcionamento do Jardim Aquícola
O tratamento do Jardim Aquícola é feito com fluxo contínuo vertical e subsuperficial, distribuídos em três caixas retentoras, instakadas com um desnível mínimo entre elas, e é por onde passa o efluente do tanque de piscicultura.
Tadeu explica que as caixas, construídas em madeira e impermeabilizadas com geomembrana, são preenchidas com argila expandida e saturada com água. Além disso, sob os leitos, são plantadas mudas de copos-de-leite, planta aquática que auxilia na melhoria da qualidade da água. Para proteger e melhorar o desenvolvimento das plantas, o Jardim Aquícola recebeu uma cobertura com sombrite.
Por fim, o efluente do lago é coletado por uma tubulação pela qual é bombeado e direcionado a um reservatório de 10 mil litros, que armazena a água a ser tratada e mantém um fluxo constante. Com o terreno em declive e pressão da água armazenada, o efluente é direcionado à primeira caixa do jardim, passando por todas elas em série.
“Após sair da terceira caixa, a água tratada é oxigenada por um sistema natural, composto por cascatas em forma de degraus sucessivos. Por último, pela gravidade, a água tratada e oxigenada retorna, então, para o tanque escavado de produção de peixes.”
*Foto: Divulgação