Manejo alimentar de quelônios tem projeto amparado pela Fapeam, e ocorreu nos municípios de Barreirinha e Carauari
Quase 400 comunitários, entre ribeirinhos, agroextrativistas, seringueiros, além de professores e alunos de comunidades de reservas extrativista e de desenvolvimento sustentável fizeram parte da pesquisa: “Alimentação de filhotes e juvenis de tartarugas e tracajás na natureza e em sistemas de criação comunitários no Amazonas”. O estudo contou com o apoio do Governo do Estado, por meio do Programa Universal Amazonas, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
Manejo alimentar de quelônios
O número estimado de comunitários que podem ser beneficiados direta ou indiretamente em relação ao manejo alimentar de quelônios pode chegar a 32 mil ribeirinhos. Os dados do coordenador do projeto, Paulo César Machado Andrade, pesquisador da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). E isso gera um impacto social bastante positivo para a região.
Além disso, o estudo buscou avaliar a alimentação de filhotes e juvenis de tartarugas na natureza e em sistemas de criação comunitária nos municípios de Barreirinha e Carauari (a 331 e 788 quilômetros da capital, respectivamente).
7 comunidades
Em específico, a pesquisa foi realizada em sete comunidades: nas criações comunitárias da RDS Uacari e Reserva Extrativista Médio Juruá, em Carauari, nas comunidades do Manarian, São Raimundo, Vila Ramalho, Xibauazinho e Nova União. Também em comunidades de Barreirinha, no rio Andirá, na Granja e no Piraí. Mas, outra parte ocorreu também no Laboratório de Animais Silvestres, da Ufam, em Manaus, como informou o coordenador. O pesquisador ainda acrescentou:
“O principal impacto social foi a capacitação dos comunitários que acompanharam os ensaios em unidades experimentais. Os ribeirinhos aprenderam sobre o manejo alimentar adequado dos filhotes em cativeiro, sobre quais frutos, sementes e folhas que são alimentos destes quelônios na natureza e, com esses ingredientes, aprenderam os procedimentos para a fabricação de ração artesanal, o que ajudará a baratear os custos de produção nessa atividade.”
Impacto científico
Segundo resultados da pesquisa, o impacto científico mais importante é a definição de uma lista de plantas, frutos, sementes e outros itens alimentares das dietas de juvenis de tartarugas e tracajás na natureza. Isso porque estudos existentes, até então, mostravam apenas a composição de itens alimentares na dieta dos adultos, pontuou Paulo César.
“Nós identificamos o que eles comiam na natureza e passamos a usar alguns destes ingredientes na alimentação em cativeiro, substituindo as rações comerciais.”
Redução de custos
Contudo, o estudo revelou também é possível obter a redução dos custos com a alimentação dos filhotes nas criações comunitárias, além do potencial de geração de renda quando acontecerem as futuras vendas dos animais criado.
“O apoio da Fapeam foi fundamental para que essa pesquisa pudesse ser realizada nas comunidades do interior, graças aos recursos para o apoio logístico e o transporte, para que nossos acadêmicos, técnicos e pesquisadores pudessem chegar até aquelas distantes localidades e implementar os experimentos. A Fapeam tem nos apoiado muito no desenvolvimento da linha de pesquisa de criação e manejo de quelônios, principalmente em comunidades ribeirinhas do interior do Amazonas.”
Metodologia
O coordenador explica que uma das metodologias da pesquisa foi a avaliação do crescimento dos filhotes de tartarugas e tracajás nas criações comunitárias, conforme alimentação fornecida. Outro método foi a marcação, a biometria e o monitoramento do crescimento dos filhotes nas criações comunitárias. Em Carauari e Barreirinha foram acompanhados 4.648 filhotes de tartaruga e 1.938 de tracajá.
Mais apoio
Além da Fapeam, a pesquisa teve o apoio da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio), da Associação dos Moradores Agroextrativistas da RDS Uacari (Amaru) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Maués.
*Foto: Reprodução