Transporte público foi um dos setores mais afetados pela pandemia de Covid-19 em 2020
Mesmo antes da pandemia, o setor de transportes do Brasil já enfrentava uma crise. A diferença é que ano passado ela foi acelerada pela crise sanitária que se instalou no país. Por consequência, as comunidades marginalizadas são as mais impactadas diretamente.
Transporte público – melhorias
De acordo com um estudo promovido pelo TransitCenter e o Center for Neighborhood Technology, a classe mais vulnerável, ou seja, a que depende diariamente de transporte coletivo, é a mais impactada. Isso porque ela não tem a chance de andar de carro particular. Além disso, junta o fato de morarem longe de seus locais de trabalho. E as cidades não foram pensadas para a mobilidade ativa.
Debate
Portanto, um debate sobre a sustentabilidade de ônibus, trens e metrôs é considerado essencial neste atual momento. É o direito de ir e vir e o acesso à cidade. Entretanto, quais são as alternativas de sobrevivência que o transporte público pode oferecer agora?
Queda do número de passageiros
Atualmente, o transporte coletivo é sustentável apenas por causa de uma alta adesão dos passageiros e da presença do Estado. Com a pandemia, o número de passageiros chegou a cair. É o caso da cidade de Nova York (EUA). Lá o medo da contaminação fez com que tivesse redução de 90% dos passageiros durante o pico do surte de saúde.
No Brasil
Por outro lado, no Brasil, a demanda do transporte público caiu entre 70% e 80% nas principais cidades. Segundo um estudo da Confederação Nacional de Transportes (CNT), mais de 97% das empresas de ônibus regulares e de ônibus urbanos foram afetadas pela pandemia, e 78% do segmento de metrô e trens foram atingidos de forma negativa pelo vírus.
Além disso, ao menos em curto e médio prazos, a diminuição do número de passageiros deve continuar.
A pesquisa também aponta que o efeito psicológico também causou esta redução. Resultado é que as pessoas têm preferido o transporte individual. E isso seja por meio de mobilidade ativa, por veículos particulares ou por carros de aplicativo.
Subsídio estatal
Por outro lado, para as empresas de transporte sobreviverem, houve um aumento do subsídio estatal. Prova disso é que em setembro o Congresso Nacional aprovou o repasse de R$ 4 bilhões da União aos municípios com mais de 200 mil habitantes e também aos estados e ao Distrito Federal. A medida foi tomada a fim de garantir o serviço de transporte público coletivo de passageiros em razão da pandemia de Covid-19.
Tal repasse beneficia companhias públicas ou de economia mista de modo proporcional ao número de passageiros, em relação ao total transportado sob a gestão do estado ou município correspondente.
Em compensação, todos os contratos de transporte coletivo devem ser revisados até 31 de dezembro de 2021 a fim de que contemplem alternativas para o reequilíbrio das finanças.
Mudança de padrão
No entanto, este “socorro” financeiro é pontual e o sistema de transporte coletivo necessita de soluções a longo prazo. Neste cenário, especialistas indicam problemas estruturais no atual modelo do transporte público. E eles vão além da pandemia. Portanto, é preciso defender a formação de um sistema de mobilidade urbana.
Sendo assim, um dos principais problemas verificados está no modo de remuneração do serviço. Hoje ele é baseado no pagamento de tarifa pelos passageiros. E é por ele se condiciona o lucro das empresas de ônibus.
Vale lembrar que em novembro de 2020 foi divulgado que a pandemia impulsionou a criação de sistemas de transporte inteligente.
Prestadoras
Mas há quem defenda que as prestadoras deveriam ser remuneradas pelo custo de viagem por quilômetro. Neste caso, não entraria o número de passageiros. E tais recursos financeiros viriam de fundos públicos, alimentados por taxas cobradas dos serviços individuais de transporte.
Otimização das vias
Por fim, entre outras medidas, está a otimização das vias para melhorar o fluxo de veículos, a integração do transporte coletivo com os meios ativos e a regulamentação do transporte alternativo. Todas elas são urgentes para proporcionar a viabilidade do sistema.
*Foto: Reprodução/Shutterstock