Gás de cozinha ignora desvalorização do barril de petróleo e chega a custar R$ 115 em meio à pandemia do novo coronavírus
Mesmo com a baixa do valor do petróleo nas principais bolsas de negociação em todo o mundo, por aqui, um de seus derivados, o gás liquefeito (GLP), destinado a residências e conhecido popularmente como gás de cozinha, continua tendo seu preço bem acima para o consumidor final, chegando a custar até R$ 115. As informações integram um levantamento feito pela Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).
Gás de cozinha – aumento do preço em todo o Brasil
Atualmente, o preço do GLP vendido em botijões de 13 kg está subindo mais do que ocorreu com o óleo diesel (biodiesel) nos meses que antecederam a greve dos caminhoneiros. Fora o fator de o botijão de gás de cozinha aumentar em meio à desvalorização do barril de petróleo. Portanto, isso significa que, especialmente, a população de baixa renda, está sendo a mais prejudicada hoje em comparação à época de crise do diesel.
Preço entre janeiro e março de 2020
De acordo com dados revelados pelo Instituto de Estudos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), entre janeiro e março deste ano, o valor do gás de cozinha ficou, em média, 0,28% mais caro, ao passo que o petróleo WTI registrou queda quase pela metade. Na mesma época, em 2018, a variação do diesel foi de 0,24%, em um período em que o petróleo caía 1,52%. O instituto usou estatística da ANP para aliviar o mercado interno, e foram divulgados com exclusividade pelo portal Estadão/Broadcast.
Segundo Rodrigo Leão, técnico do Ineep e responsável pelo estudo comparativo entre petróleo e seus derivados:
“Estamos observando uma resistência à queda dos preços do botijão, apesar do preço do barril do petróleo ter despencado. Nesse cenário, o governo deveria considerar a execução de um novo programa de subvenção do GLP, a exemplo do que foi feito com o diesel durante a greve dos caminhoneiros.”
Em algumas regiões do país, a diferença de preço do gás de cozinha é maior ainda. Um exemplo é que em Santos, no litoral paulista, o botijão estava sendo vendido a até R$ 93 na primeira semana do de abril, uma lata de R$ 3 em relação ao começo de março. Porém, o botijão mais caro foi negociado no estado do Mato Grosso, a R$ 115. A ANP não divulgou em qual município isso ocorreu.
Posicionamento do Sindigás
De acordo com o representante das distribuidoras, o Sindigás, em média, o preço do gás de cozinha se mantém estável. Para eles, estas altas expressivas são pontuais, em função do oportunismo de alguns revendedores.
Já para o especialista em Petróleo e Gás Natural, além de professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Luciano Losekann, a alta do preço do gás de cozinha paço pelo consumidor final ainda deve ser maior que a registrada pela agência reguladora. O motivo é que o comércio do produto tem a particularidade de contar com a presença de intermediários e ser marcado pela clandestinidade em algumas cidades, explica:
“A cadeia produtiva do GLP não é homogênea. Há agregadores que revendem ao pequeno comércio e acabam tendo um poder de mercado localizado. O consumidor que não tem botijão adicional, compra sem pesquisar e dá prioridade à rapidez de entrega. Isso dá um poder de mercado ao vendedor.”
O especialista também disse que a classe mais carente é a mais prejudicada neste momento.
Fonte: UOL
*Foto: Divulgação