Assim como outros setores da economia do Brasil, o agronegócio também foi afetado pela pandemia do novo coronavírus.
Segundo o líder de operações da BlueTrade, uma das cinco maiores operações da XP Investimentos, José Milton dos Santos Pestana Barbosa, acredita que o setor de negócios agrícola sofrerá um impacto econômico e ainda passará por uma recessão.
Agronegócio na pandemia
Em relação à alta produção e produtividade da safra a ser colhida, já houve a contratação. Outro ponto positivo é a redução dos gastos de petróleo e derivados, que beneficiam a colheita. É o caso da soja brasileira, que deve se consolidar como a maior produtora do mundo.
Algodão (que pode se tornar líder global) e milho, terão suas quedas de preço compensadas pela elevação da produção a ser negociada.
Com a recuperação da China, também deverá ser aliviada a redução de renda no campo, o que contribui para a manutenção de elevados superávits na balança comercial, e diminuindo assim a volatilidade da cotação do dólar. Para o executivo, a China ainda vê o Brasil como um parceiro confiável de longo prazo.
Já na pecuária bovina, suinocultura e avicultura, o agronegócio passa por um polo dinâmico de sustentação dessas atividades econômicas.
Produtores agrícolas
No caso dos produtos agrícolas de consumo interno, pode haver o risco de queda nos preços, o que só é bom para o consumidor final, aliada à baixa inflação. Porém, o pequeno produtor é prejudicado com o plantio de sua próxima safra.
Barbosa ainda ressalta que neste momento o Ministério da Agricultura deve se mostrar bastante presente e necessário, já que o agronegócio representa um quinto do PIB do país.
Também deve ser pensada uma renda urgente para o setor da agricultura familiar, pois suas culturas são poucos intensivas em tecnologia e com baixo acesso aos canais de distribuição, além de não possuírem uma reserva de capital.
A crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, afeta diretamente o setor de hortifrutigranjeiros e que merece mais atenção das autoridades no agronegócio. Outro ramo que preocupa é o sucroenergético.
Usinas
Se houver repasse ao preço da gasolina, o etanol deixa de ser um substituto. E justamente em um momento onde era previsto uma grande safra para a cana-de-açúcar. As usinas podem enfrentar escassez de caixa no início da safra, quando acontecem também os maiores desembolsos, além de algumas unidades possuírem exposição cambial e endividamento em dólar.
A crise também levou à uma redução no movimento dos postos de combustível de mais de 50%, numa primeira fase.
Com o mercado internacional do açúcar em baixa, apresentando elevado nível de estoques globais, o Brasil vive uma fase de aumento de produção. Porém, o preço internacional do produto não se sustentou.
O ponto positivo aqui é que os produtores deste setor foram beneficiados em função da venda antecipada da maior parte de sua produção açucareira.
Ainda sobre o etanol, uma solução para o período de pandemia seja não repassar toda a queda de preço da gasolina ao consumidor final, o que garantiria uma paridade e não correr o risco de desestruturar o setor sucroalcooleiro ao levar as unidades a negociarem abaixo do custo de produção.
Por fim, o líder de operações da XP investimentos afirma que se o problema de saúde pública for resolvido rapidamente, em alguns meses o agronegócio poderá reaparecer, o que seria um cenário desejável.
Fonte: Revista Rural
*Foto: Divulgação / TV Gazeta Norte