Planta de leveduras brasileira chegará ao país no fim do ano, por meio da empresa dinarmaquesa Novozymes
No fim deste ano, o Brasil terá sua primeira planta de leveduras. Isso ocorrerá por meio da empresa dinarmaquesa Novozymes, que atua em 140 países com enzimas e microrganismos para mais de 30 indústrias. A cidade escolhida para abrigar esta planta foi Araucária, no Paraná.
Planta de leveduras brasileira
Além disso, o objetivo de ter uma planta de leveduras brasileira é para atender a demanda crescente da indústria de etanol de milho da América do Sul.
Atualmente, a empresa abastece o mercado brasileiro e regional, especialemente com levedura trazida de sua fábrica própria no Canadá. Contudo, ela conta ainda com produção do insumo na China, com um parceiro local. O anúncio ocorreu no dia 8 pelo presidente regional da Novozymes para América Latina, William Yassumoto, na abertura da Teco Latin America 2022, evento sobre o setor de etanol de milho organizado pela empresa e realizado em São Paulo (SP).
“Estamos instalando essa unidade aqui para apoiar o desenvolvimento da indústria de etanol de milho e aproximar dela a inovação, trazendo tecnologias que são desenvolvidas lá fora para o mercado local. A unidade terá capacidade para atender a toda a demanda do mercado latino-americano, que não é pequena”, disse Yassumoto. “Vamos trazer todo o portfólio global para a cá, o que também proporciona segurança do abastecimento.”
O que são leveduras?
As leveduras são organismos unicelulares microscópicos usados para converter em álcool os açúcares produzidos no processo de produção do etanol. Elas ajudam a elevar a produtividade e a extração de óleo de milho e aumentar a eficiência da operação industrial.
Nesta nova planta, em Araucária (PR) – onde a empresa já possui uma fábrica de enzimas para nutrição animal, etanol e limpeza doméstica -, a Novozymes produzirá levedura em forma de creme. Sendo assim, a iniciativa trará às usinas de etanol de milho vantagens em comparação às leveduras granulares.
O plano é, “dentro de meses” de testes de laboratório, especificações e testes em campo, passar a atender à indústria de etanol do Brasil com as leveduras produzidas na unidade, e não mais com produtos canadenses, conta o executivo.
Ele disse ainda que a Novozymes possui uma planta de produção de enzimas para o setor agrícola em Quatro Barras, também no Paraná. A companhia tem uma terceira planta na América do Sul, na Argentina.
Crescimento do negócio
Contudo, Yassumoto enfatiza que o crescimento do negócio da Novozymes na região vem acompanhando o desenvolvimento da produção de etanol na América do Sul. Isso porque a empresa é líder no mercado de leveduras para o segmento. Ele cita as projeções da União Nacional de Etanol de Milho (Unem) de que até 2031 a produção do biocombustível no País deva atingir 10 bilhões de litros. Ou seja, mais que o dobro dos 4,5 bilhões de litros de etanol de milho esperados para a safra 2022/23. O volume representará 14% da produção total de etanol (incluindo o de cana-de-açúcar) projetada para a temporada, de 32 bilhões de litros.
Redução das emissões de gases de efeito estufa
Por outro lado, a crescente relevância global das energias renováveis e políticas de redução das emissões de gases de efeito estufa também estimula o investimento, argumenta o executivo.
“Temos uma confiança enorme na importância dos biocombustíveis e das tecnologias verdes. E estamos em um momento importante do setor de biocombustíveis: o etanol de segunda geração está se desenvolvendo de forma bastante acelerada, a Índia vem buscando seu protagonismo em etanol também, buscando ser um potencial player.”
Faturamento da Novozymes
Em 2021, a Novozymes faturou globalmente 15 bilhões de coroas dinamarquesas ou US$ 2 bilhões, crescimento de 6% em relação aos resultados de 2020. A América Latina foi a região que registrou maior crescimento orgânico, 31%, bem acima de Ásia e Pacífico (10%), da América do Norte (3%) e de Europa, Oriente Médio e África (2%). Já para 2022, a expectativa da companhia é atingir um crescimento orgânico global das vendas de 3% a 7%, refletindo ainda incertezas atreladas à pandemia de covid-19 e volatilidade nos mercados.
Bolsa de Valores de Copenhague
Além de atender ao setor de biocombustíveis, a empresa, que possui ações listadas na Bolsa de Valores de Copenhague, fornece mais de 700 produtos para outras indústrias, como a agrícola (como inoculantes e biodefensivos), de nutrição humana, de nutrição e saúde animal, óleos e gorduras, bebidas, têxtil, alimentos, limpeza industrial, hospitalar e doméstica e papel e celulose. Na América Latina, além da indústria de etanol de milho, Yassumoto destaca a relevância para a empresa dos segmentos de limpeza residencial, alimentos e bebidas, óleos e agrícola.
Mercados paraguaio e argentino
Por fim, em relação à nova fábrica em Araucária, a Novozymes deve passar a atender com leveduras também os mercados paraguaio e argentino.
“É um investimento importante. Biotecnologia não é algo trivial, demanda uma série de investimentos em equipamentos, pessoal. Não à toa 13% da receita global da Novozymes vai para Pesquisa e Desenvolvimento.”
*Foto: Reprodução