Os produtores rurais do Rio Grande do Sul estão preocupados com a estiagem na safra 2020. Praticamente todas as culturas sentiram o efeito da seca, adicionadas às perdas de médias e grandes proporções. Porém, algumas técnicas, não tão exploradas no estado gaúcho, vêm garantindo um pouco a paz da família Parreira, que cultiva arroz, soja e milho, no município de Rosário do Sul, na Fronteira-Oeste.
Criatividade para driblar a seca
Com isso, os produtores locais tiveram que driblar obstáculos, decorrentes de um verão quente e seco neste ano. Como medidas adotadas por eles, iniciadas antes do plantio, estão a ocupação de várzeas, anteriormente usadas para irrigação do arroz, e adequações física, química e biológica desses solos através de descompactação, colagem e utilização de inoculantes. Os cuidados são complementados com o uso de herbicida pré-emergente; biotecnologia com cultivares intactos e a pouco conhecida irrigação por “banho rápido” (similar ao arroz irrigado).
Segundo Julio Vasconcelos, engenheiro agrônomo responsável por estas técnicas, esse tipo de irrigação é um auxílio de ótimo custo-benefício, jê que permite molhar o perfil do solo com efeitos duradouros:
“A irrigação por ‘banho rápido’ funciona muito bem na rotação de culturas em várzea sem exigir um grande investimento, porque aproveita toda a estrutura já existente para o arroz.”
A técnica para driblar a seca, que vai além da soja, também pode ser utilizada em lavoura de milho com uma drenagem posterior, pois essa cultura é sensível a encharcamentos, afirma. Ele destaca ainda os números expressivos. Em experiências anteriores, a menor produtividade seguindo esses parâmetros, conseguiu ficar em 99 sacas por hectare, e a melhor delas atingiu 135.
Rotação de culturas
Na lavoura da família Parreira, a rotação de culturas começou há quase 10 anos, especialmente com o intuito de controlar o arroz vermelho. De lá para cá, as áreas que recebem soja e depois arroz chegam a atingir um crescimento de 20 sacas por hectare na produtividade do cereal.
Na safra atual, a propriedade está com 70 hectares de arroz e 170 hectares de soja. No local, foram feitos dois banhos: um no começo de janeiro e outro no início deste mês. Ao terminar o período de colheita, o espaço dará lugar à pastagem de azevém.
Segundo o produtor Jéferson Parreira, que também preside a Associação dos Arrozeiros de Rosário do Sul:
“Irrigamos 40 hectares em dois dias, gastando menos de 10% da água normalmente utilizada no arroz. Plantando variedades que toleram bem o encharcamento, vemos potencial para até 80 sacas em alguns talhões”.
Ele divide a vida no campo com o irmão, Matheus, e o pai, Jorge e encontrou nesta técnica a possibilidade de lidar com o período de seca desta safra para não sofrer grandes impactos:
“O investimento na irrigação por pivô não é barato, dificultando o acesso a pequenos produtores. Por isso, o ‘banho rápido’ é uma boa alternativa para áreas pequenas e preparadas para receber essa técnica.”
Fonte: Revista Rural
*Foto: Divulgação