O crescimento da soja no estado de São Paulo durante os últimos dez anos se de muito em parte à parceria que foi feita com os produtores de cana-de-açúcar na mesma área.
Na safra de 2008/2009 a união dos dois tipos de grãos gerou 531,3 mil hectares no estado paulista, de acordo com dados fornecidos pelo Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Para a safra deste ano, a expectativa é que esta parceria ultrapasse 1 milhão de hectares.
Já em território nacional, a soja teve um aumento de 64% nesta última década.
Em relação à colheita desse ano, especialistas da área estimam que pelo menos metade desse 1 milhão de hectares esteja em zonas de reformas de canaviais, ou seja, em território de cana-de-açúcar.
Por isso, a facilidade de firmas parcerias entre produtores de soja e de cana tem sido a solução mais viável das últimas safras.
O custo de reforma de um canavial é altíssimo, ao ponto que dividir essa mesma terra com o plantio de soja de período curto, pode ser muito mais atrativo financeiramente aos donos de fazendas, por exemplo.
Um proprietário de terra de cana pode fazer negócio com interessados em plantar soja, também na forma de aluguel.
Já que ao plantar a soja antes da cana em uma área de reforma de canavial previne erosões e melhora a fertilidade do solo, deixando maior residual de nitrogênio para a cana ser semeada após a colheita do outro grão.
Além disso, os produtores interessados neste tipo de união têm a oportunidade de comercializar a soja a um preço melhor que a cana no mercado internacional.
Atualmente, o setor enxerga que é praticamente irreversível reformar zonas de canaviais pelo alto custo e que a parceria com o plantio de soja é a melhor solução para atenuar a crise que abrange território paulista há anos.
A soja também proporciona sustentabilidade ao negócio graças a vantagens agronômicas e sociais, mas para isso acontecer de fato é preciso muito planejamento.
Responsável pelo plantio de 80 mil hectares de cana nos municípios de paulistas de Maracaí e Paraguaçu Paulista, o Grupo Agroterenas iniciou a renovação de seus canaviais com semeação de soja a partir de 2014 com plantio de apenas 300 hectares.
Quase cinco anos depois este número saltou 5.000 e para a safra de 2019/2020 a estimativa é aumentar para 7.000.
De acordo com o diretor agroindustrial da empresa, Adilson Luis Penariol, a cultura da soja é o tipo de investimento que você vê retorno de fato e ainda seu cultivo garante 15% a mais de rotatividade de produção para a cana.
*Foto: Reprodução / Free Images – Diego Baseggio