Avião da Latam tem por iniciativa fazer parte do compromisso da empresa em alcançar 5% de uso de SAF até 2030
O grupo Latam recebeu, no Brasil, a primeira aeronave de sua frota abastecido com combustível sustentável de aviação (SAF). Em parceria com a Airbus, a companhia realizou na última sexta-feira (14) o voo de entrega do avião A320neo, partindo de Toulouse (França), até Fortaleza (Ceará).
Avião da Latam
O avião da Latam está apto a operar com 30% de SAF, produzido a partir de óleo de cozinha usado, misturado ao querosene de aviação – combustível tradicional. Tal percentual consegue reduzir em torno de 80% o ciclo de vida de CO2, se comparado ao combustível convencional.
Além disso, a Latam espera ter pelo menos 31 aviões da família A320neo em operação até o final de 2023 e mais de 100 até 2030. Atualmente, o grupo opera 1.500 voos diários para 147 destinos em 24 países.
Neutralidade de carbono
Contudo, a iniciativa faz parte do compromisso da empresa em alcançar 5% de uso de SAF até 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até 2050. Sobre isso, o vice-presidente de Finanças da Latam, Ramiro Alfonsín, explica:
“No ano passado, anunciamos nosso interesse de alcançar 5% de uso de SAF até 2030, privilegiando a produção na América do Sul. Esta decisão está baseada na nossa convicção de que os combustíveis sustentáveis de aviação serão importantes para a descarbonização de toda a nossa indústria.”
América do Sul como grande potencial
O executivo acrescentou ainda que acredita que a América do Sul tem um grande potencial no fornecimento de SAF. No entanto, ele reconhece que a disponibilidade ainda é um desafio.
“A quantidade de SAF disponível a nível mundial atualmente é limitada, e o acesso a este combustível na América do Sul continua sendo um dos grandes desafios que enfrenta a descarbonização da indústria.”
Ele admite que diante desse cenário é muito importante avançar em uma agenda que envolva diferentes setores com o propósito de “promover sua produção em nossa região”.
Demanda global
Por outro lado, em termos de estimativas da indústria, a demanda global pelo combustível de baixo carbono deverá saltar de pouco mais de 300 milhões de litros em 2022, para quase 20 bilhões de litros em 2030.
Neste caso, o Brasil está entre os países com grande capacidade de atender parte dessa demanda. Um mapeamento da RSB (Roundtable on Sustainable Biomaterials) indica que o país possui capacidade de produzir até 9 bilhões de litros de SAF usando apenas resíduos da cana, e mais 3,2 bilhões de litros com outros insumos. Isso é o suficiente para cobrir toda a demanda atual de querosene no país (7,2 bilhões de litros) e volume extra para exportar.
Mas, em contrapartida, ainda falta desenvolver essa indústria.
Pouso no Brasil
Todavia, o avião da Latam pousou no Brasil justamente em um momento em que o governo discute um marco legal para incentivar a demanda e a produção desses biocombustíveis para atender a demanda da aviação.
Além disso, o projeto de lei do Executivo do programa Combustível do Futuro está previsto para ser apresentado oficialmente ao Congresso Nacional em agosto. Ele deve propor aos operadores aéreos um mandato de redução das emissões de CO2 em 1%, no mínimo, a partir de 1º de janeiro de 2027, em voos domésticos, usando SAF misturado ao querosene fóssil.
Net zero da aviação
Responsável por 2% das emissões globais de gases de efeito estufa, o transporte aéreo está no grupo de setores considerados mais difíceis de descarbonizar. Portanto, o uso do combustível sustentável de aviação é tido como estratégia fundamental para reduzir de modo significativo as emissões de GEE.
Segundo a Airbus, a família A320neo já conta com uma economia de combustível de 15% em relação a tecnologia anterior da empresa, podendo chegar a 20% em voos de longa distância.
Sendo assim, é possível evitar a emissão de aproximadamente 20 milhões de toneladas de CO2 e reduz em até 50% a poluição sonora.
*Foto: Reprodução/