Conforme estudo da Gas Energy, o país pode se tornar autossuficiente em GLP (Gás de Cozinha), em função do pré-sal ter potencial para quadruplicar a oferta do insumo
O gás liquefeito de petróleo (GLP), considerado um item de segurança energética, e chamado popularmente de gás de cozinha, geralmente está sempre em evidência. Isso acontece quando o preço ao consumidor sobe ou se existe algum risco de desabastecimento.
Recentemente, o caso veio à tona, quando o GLP ficou mais caro, em função da pandemia de Covid-19.
E também foi tema, quando o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, declarou que alertou sobre o risco de desabastecimento de gás de cozinha, caso o imposto sobre a gasolina aumentasse, o que acarretou num pleito do setor de etanol em meio à queda do consumo também gerada pela pandemia. Portanto, se a estatal diminui os volumes do combustível, também reduz o escoamento de GLP, pois ambos estão na mesma fase de produção.
GLP e o mercado doméstico
Já o mercado doméstico depende de importações de GLP para atender a sua demanda. Porém, o pré-sal pode tornar o Brasil autossuficiente no insumo pelos próximos dez anos, de acordo com estudo da consultoria Gas Energy. Entretanto, a ampliação da infraestrutura do setor é o principal desafio para alcançar tal objetivo.
Além disso, o GLP possui um peso social muito grande no país: em torno de 75% do consumo vem de residências. Hoje, a produção é concentrada na Petrobras, que fabrica o insumo em suas refinarias, afirma o presidente da Gas Energy, Rivaldo Moreira Neto:
“Com os desinvestimentos de algumas das refinarias da Petrobras, o GLP pode até perder espaço, a depender da estratégia a ser adotada pelos novos operadores.”
Refinarias da Petrobras
As refinarias da estatal correspondem atualmente por quase 3,7 milhões de toneladas/ano de produção do GLP e, a importação, por 2,5 milhões de toneladas.
Com a expansão da produção no pré-sal, o Brasil possui potencial para bater a marca de 10 milhões de toneladas em 2030, o suficiente para atender a todo o consumo nacional, que é em torno de 7 milhões de toneladas por ano.
Neto explica que, historicamente, o gás natural produzido em território nacional era “pobre” em substâncias que compõem o GLP: propano e butano. Porém, o gás do pré-sal é rico nessas substâncias, o que favorece a produção local do gás de cozinha.
Contudo, para aumentar a oferta de GLP, as operadoras dos campos do pré-sal precisariam levantar unidades de processamento de gás natural (UPGNs), cujos investimentos são bastante altos. O gás extraído em alto-mar é trazido por meio de uma estrutura própria para a costa, onde é processado.
Fonte: Revista EXAME
*Foto: Divulgação