Com o crédito verde, empresas e bancos vêm se articulando para financiar iniciativas que levem mais sustentabilidade à produção
O crédito verde vem ganhando cada vez mais espaço na economia brasileira. É o que revela o relatório de resultados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), referente ao segundo trimestre de 2022. A instituição indica que 68% de sua carteira de crédito – ou R$ 238 bilhões – está vinculada a projetos que apoiam a economia verde e o desenvolvimento social.
Além disso, outra iniciativa do segmento, o Desenvolve SP, também oferece linha de crédito para criação de áreas verdes.
BNDES
No período, os desembolsos totais do BNDES registraram crescimento de 46% comparado ao mesmo período de 2021. Desse total, R$ 3,7 bilhões foram destinados a atividades relacionadas à economia verde e R$ 7,3 bilhões ao desenvolvimento social.
Inclusive, foi este ano que o BNDES aprovou a primeira operação de sua nova linha chamada “Programa Crédito ASG”, concedida à Liasa – Ligas de Alumínio, empresa brasileira do setor metalúrgico.
O que é crédito verde?
Lançado em agosto de 2021, o programa crédito verde possui condições financeiras mais atrativas para as empresas que comprovem a melhoria de indicadores durante a vigência da operação. E isso estimula a adoção de práticas empresariais mais eficientes e de sustentabilidade nos aspectos Ambiental, Social e de Governança (ESG).
Contudo, a movimentação do crédito acontece também em outros bancos brasileiros, além do BNDES, sejam eles públicos ou privados.
Parceria
Por meio de uma parceria com Banco do Brasil e Bradesco, a JBS, empresa líder global em alimentos à base de proteína, vem facilitando, desde o início do ano, o acesso ao crédito rural para os produtores de sua cadeia de fornecimento.
Com apoio dos Escritórios Verdes da companhia – são 15 situados em unidades de processamento de diferentes regiões-chave para as atividades pecuárias da companhia, nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Pará e Rondônia –, pecuaristas podem obter recursos para financiar ações de regularização ambiental.
Além disso, junto aos Escritórios Verdes, os fornecedores da JBS conseguem ter uma avaliação de suas necessidades para, então, buscarem o financiamento necessário à adoção de boas práticas ambientais.
Já os bancos, através de suas equipes técnicas, auxiliam na adequação dos projetos e na indicação da linha de crédito ideal para cada situação.
Segundo Renato Costa, presidente da Friboi:
“Esse é mais um esforço da JBS em prol de uma cadeia de fornecimento sustentável. Nosso principal objetivo é ajudar os pecuaristas a resolverem seus passivos ambientais de acordo com a legislação brasileira. É isso o que buscamos com os Escritórios Verdes. A parceria com bancos, como o Banco do Brasil e o Bradesco, dá ainda mais força a esse objetivo.”
Onde há crédito verde?
O Banco do Brasil anunciou este ano novas linhas de crédito verde para produtores rurais. A Cédula de Produto Rural (CPR-Preservação) possibilita ao produtor rural monetizar a área preservada em sua propriedade, tendo como lastro para o financiamento a vegetação nativa do imóvel rural.
Segundo o Banco do Brasil, a ferramenta permite que os produtores tenham acesso a recursos adicionais para fazer frente aos custos de produção e de conservação.
Outro banco que se movimenta na mesma direção é o BTG Pactual. O maior banco de investimentos da América Latina concedeu crédito verde à Usina Lins, produtora de açúcar e etanol. Conforme a instituição, a concessão é parte de sua estratégia de atuar mais ativamente na estruturação de finanças sustentáveis em sua carteira de crédito.
Por fim, no caso do empréstimo do BTG à Usina Lins, trata-se de um crédito verde porque o uso dos recursos emprestados é atrelado a benefícios ambientais, em particular aos processos da produção de etanol, financiando ou refinanciando a produção de bioenergia.
*Foto: Reprodução