Maquinário envelhecido e com tecnologia defasada é apontado por levantamento inédito da Confederação Nacional da Indústria (CNI)
Recentemente, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou que a indústria brasileira opera com maquinário envelhecido e com tecnologia defasada. Entre as empresas que responderam à pesquisa, apenas 2% possuem máquinas com até 2,5 anos de uso. Porém, o maior porcentual, de 28%, possui equipamentos com 10 a 15 anos.
Maquinário envelhecido no setor de biocombustíveis
Contudo, em razão da necessidade global de redução de emissões, o setor de biocombustíveis aparece na pesquisa como o de maior defasagem de equipamentos, com idade média de 20 anos. Já a idade média de maquinário envelhecido e equipamentos das indústrias de transformação e extrativa é de 14 anos, e 38% usam equipamentos que estão próximos ou já ultrapassaram a idade sinalizada pelo fabricante como ciclo de vida ideal.
A pesquisa foi feita com 1.682 executivos, sendo 672 de pequenas empresas, 599 de médias e 411 de grandes companhias. Também participaram 356 indústrias do setor da construção. Houve ainda a sondagem especial, chamada de Idade e Ciclo de Vida das Máquinas e Equipamentos no Brasil, foi realizada em junho.
Depreciação acelerada
Por outro lado, a CNI defende a chamada “depreciação acelerada” para incentivar o investimento em renovação de maquinário. Atualmente, o equipamento industrial perde valor ativo ao longo de dez anos e os valores são descontados do Imposto de Renda da empresa.
Vale destacar que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é a favor da medida e explica que ela pode chegar no próximo ano com um crédito de até R$ 15 bilhões para as indústrias.
“Reafirmamos o compromisso com a tese da depreciação acelerada, mas ainda vamos definir o alcance dela, que pode variar em relação aos setores que vai abranger e ao encurtamento do prazo.”
Menos produtividade
Todavia, o uso de equipamentos antigos pela indústria nacional reduz a produtividade e aumenta os custos, diz a gerente de Estratégia e Competitividade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Maria Carolina Marques.
“Um parque industrial defasado significa menos produtividade porque as máquinas podem quebrar a qualquer momento e paralisar a produção, os custos de manutenção são maiores, assim como o consumo de eletricidade e de emissões de gases de efeito estufa.”
Segundo a gerente da CNI, mesmo que parte dos equipamentos estarem dentro do ciclo de vida estipulado pelo fabricante não significa que sejam tecnologicamente atuais.
“A gente teve uma revolução tecnológica muito grande nos últimos anos com o advento das tecnologias da indústria 4.0, e tudo isso gerou ganho de produtividade grande.”
Biocombustível
Hoje, o setor de biocombustível é o que apresenta a maior depreciação de máquinas e equipamentos, com idade média de 20 anos de uso. Além disso, os últimos grandes investimentos no setor ocorreram entre 2005 e 2007.
Queda
Na área de máquinas e equipamentos, a idade média é de 14 anos. Sobre isso, Gino Paulucci Jr., presidente do conselho de administração da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), explica que hoje a alta taxa de juros trava e limita a capacidade de investimentos.
Paulucci também diz que os investimentos em máquinas e equipamentos, que já tinham caído em 2022, registraram queda de 6,5% no início deste ano.
Por fim, ele ressalta que diante dos juros mais baixos, as empresas podem obter financiamento a taxas mais atrativas.
“Máquinas modernas oferecem maior eficiência energética, maior precisão, maior capacidade produtiva e melhores recursos tecnológicos, o que resulta em produtos de melhor qualidade, redução de custos e aumento da produtividade.”
*Foto: Reprodução/br.freepik.com/fotos-gratis/gel-de-limpeza-antibacteriana-extremamente-close-up_11193846