Normalização da mistura de biodiesel é uma das pautas prioritárias a serem trabalhadas com o futuro governo do país
A indústria brasileira de óleos vegetais definiu duas pautas prioritárias a serem trabalhadas com o futuro governo. E isso seja a continuidade do atual ou nova gestão.
Normalização da mistura
Sendo assim, a normalização da mistura de biodiesel engloba essas duas pautas: a retomada do calendário do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) quanto ao porcentual obrigatório de biodiesel no diesel e o estabelecimento de uma meta de substituição do diesel importado por combustível renovável em cinco anos.
De acordo com o presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar, ao Broadcast Político:
“No curto prazo, a demanda é a retomada do calendário. No médio prazo, pedimos a definição de estratégia mais ambiciosa para substituir o diesel fóssil.”
CNPE
Além disso, o calendário previsto pelo CNPE determina mistura mínima de 14% do biodiesel no diesel, chamado de mandato B14 para este ano. Porém, o governo reduziu a porcentagem mínima obrigatória para 10% na tentativa de reduzir o preço do diesel, completou Nassar.
“Retomando o B14, chegaríamos ao B15 ainda em 2023, conforme o calendário original do CNPE, a fim de alcançar o B20 nos próximos anos.”
Substituição do diesel fóssil e querosene de aviação
Por outro lado, em relação à estratégia de substituição do diesel fóssil e querosene de aviação no médio prazo por combustível renovável, a Abiove entende que é necessária a construção de uma política com horizonte definido por se tratar de grande volume.
“É uma estratégia que vai viabilizar não só o crescimento do biodiesel, mas também vai incluir outras fontes renováveis, como o HVO. A meta é em cinco anos substituir a importação do diesel, que hoje é de 30% do volume total, por combustível renovável”, explicou Nassar. O HVO (óleo vegetal hidrotratado) é conhecido como diesel verde. “É uma estratégia também para aumentar a segurança energética brasileira substituindo diesel importado pelo biodiesel e diesel verde produzidos nacionalmente.”
Contudo, o documento abordou ainda as alterações nas regras do Renovabio, política nacional de biocombustíveis, quanto à certificação dos grãos usados para produção de biocombustível – etanol de milho e biodiesel – para emissão de Créditos de Descarbonização (CBIOs).
Executivo sobre a normalização da mistura
Já em relação a atual conjuntura de mercado abrir espaço para o governo discutir uma política como a de substituição do combustível fóssil por renovável e a retomada do governo, Nassar avalia que o Executivo precisa enxergar os benefícios dessa estratégia e também seus pontos negativos.
“O renovável é um pouco mais caro na porta da usina comparando com o fóssil na porta da refinaria, o que poderia não reduzir o preço em alguns centavos à medida que aumentar a mistura. Não negamos isso. Na maioria das vezes, o óleo vegetal convertido em biodiesel é mais caro que o diesel, mas tem vários benefícios e os principais são a segurança energética e a redução da emissão de gases ligados ao efeito estufa.”
A entidade calcula ainda que o preço do combustível na bomba tende a aumentar de dois a três centavos por litro conforme cada ponto porcentual adicional da mistura do biodiesel no diesel.
FPBio
Por fim, um documento que expressa essas demandas, além de outras reivindicações do setor, foi entregue pela Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio) às campanhas dos candidatos à Presidência mais bem posicionados nas pesquisas. Passadas as eleições, a pauta será retomada pelo setor com o Executivo.
*Foto: Reprodução