Produção de biodiesel ainda precisa enfrentar ociosidade elevada das indústrias do setor
Recentemente, veio à tona o aumento de 10% para 12% do percentual de mistura de biodiesel no diesel vendido no país, que renovou o ânimo dos produtores do biocombustível, que terão a possibilidade de reduzir a ociosidade de suas fábricas e expandir a receita com as vendas em 2023. No entanto, os investimentos em novas unidades ainda dependem da retomada efetiva do cronograma de elevação da mistura.
Produção de biodiesel atual
Além disso, com a entrada em vigor do B12, a produção de biodiesel deverá saltar de 6,3 bilhões de litros, em 2022, para 7,4 bilhões em 2023 (+ 17,5%). As projeções são da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio), que representa empresas como Be8, 3tentos (TTEN3), Minerva (BEEF3) e Caramuru. De acordo com Julio Cesar Minelli, diretor superintendente da entidade, a ociosidade do parque fabril, que estava entre 50% e 55%, tende a recuar para 43%.
Percentual da mistura
Pelo cronograma original do governo, o percentual de mistura já devia ter chegado a 15% este ano. Entretanto, houve uma redução de 12% para 10%, patamar que prevaleceu em 2022. Sendo assim, o B15 deverá chegar em 2026, ano em que a produção total poderá alcançar 10,4 bilhões de litros, conforme a Aprobio. A capacidade de produção atual das 59 plantas em operação no país chega a 13,9 bilhões de litros, explica Minelli.
“O biodiesel não pode ser encarado apenas como um combustível. É preciso entende-lo como um fator de limpeza da matriz energética, com potencial para preservar o ambiente e a saúde das pessoas. O novo governo tem sinalizado que tem esse entendimento.”
Elevação da mistura
Contudo, algumas fontes do segmento acreditam que uma elevação da mistura para 13% poderá acontecer ainda este ano, porém, a tendência é que isso ocorra em 2024.
Portanto, novos investimentos em produção tendem a demorar um pouco mais para sair do papel. Há na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) dez pedidos de autorização para a expansão da produção, que somam 678 milhões de litros adicionais, e mais 11 pedidos de construção de novas unidades, com mais 1,5 bilhão de litros no total.
Enquanto isso, outros projetos relacionados ao biodiesel estão em andamento. É o caso da Be8 que assinou recentemente um protocolo de intenções com o governo do Paraná para construir uma nova esmagadora de soja na cidade de Marialva, onde a empresa já conta com uma fábrica de biodiesel. Os aportes na planta, que poderá entrar em operação em fevereiro de 2025, poderão chegar a R$ 1,5 bilhão.
Além de processar a soja em grão para a produção de farelo,voltado à indústria de aves e suínos, a unidade produzirá óleo de soja, matéria-prima de mais de 70% do biodiesel fabricado no Brasil.
Sobre isso, Carlos Battistella, presidente da Be8 (antiga BSBios), empresa que liderou as vendas de biodiesel no país no ano passado, explica:
“Depois da redução da mistura e da alta de juros, o projeto ficou na gaveta. A volta do B12 e a perspectiva de chegarmos ao B15 em 2026, com apoio do governo, destravou nossos planos.”
Por fim, o empresário afirmou que além do aumento da mistura, também há esforços para expandir as exportações e colocar o Brasil no mercado global. Isso poque a inserção é importante para o biodiesel e que ainda poderá trazer novidades mais avançadas que tendem a ganhar força, como o combustível sustentável de aviação (SAF).
*Foto: Reprodução/https://br.freepik.com/fotos-gratis/poluicao-por-oleo-na-agua-criada-com-a-tecnologia-generative-ai_40871196