Foodtechs da Amazônia buscam dar visibilidade e acesso às soluções de base florestal do bioma
As empresas da Amazônia brasileira exportam 64 ingredientes da floresta, com uma receita anual média de aproximadamente US$ 176 bilhões. Tais ingredientes dão origem a um total de 955 produtos diferentes, todos com potencial para chegar a volumes de exportação ainda maiores e atingir cada vez mais mercados no futuro, já que, atualmente, apenas 0,7% das foodtechs da Amazônia possuem uma inserção de fato significativa no mercado. Estas são algumas das conclusões do relatório “Ecossistema de Alimentos da Amazônia“, produzido pela desenvolvedora de negócios pelo clima Ateha, por meio do ekuia Amazônia food lab, em parceria com a RG Think Food.
Foodtechs da Amazônia
Além disso, em relação às foodtechs da Amazônia, a nutricionista Heloísa Guarita, CEO da RG explicou o seguinte:
“Todos esses ingredientes, concentrados num território de quase 7 milhões de quilômetros quadrados, vão muito além da função de alimento. Há aplicações para diferentes setores da indústria. Dos princípios ativos de remédios à tinta para tingir roupas, passando por cosméticos dos mais variados, a Amazônia é uma espécie de índice onomástico da biodiversidade do nosso planeta.”
Objetivo
O objetivo do estudo, que levou anos sendo desenvolvido, é dar visibilidade e acesso às soluções de base florestal que já existem hoje, despertando o interesse de investidores e agentes que possam ajudar a fomentar negócios no bioma. Por outro lado, esses negócios precisam respeitar os limites de produção da natureza e as populações que ali vivem, ressaltam os pesquisadores.
Relatório
Em um trecho do documento diz que a “carta aberta da floresta aos investidores e empreendedores da Amazônia brasileira”, publicada logo no início do relatório, o documento ressalta que:
“A atratividade e a publicidade do tema Amazônia é um mecanismo de aspectos ambíguos: por um lado importante para gerar visibilidade para quem quer passar a direcionar seu capital para causas mais humanitárias e ambientais; por outro, danosa se não sustentada por um aparato que assegure acesso, viabilidade, distribuições igualitárias e manutenção das dinâmicas sociopolíticas do território.”
Povos da Amazônia e a floresta
Contudo, o estudo chama a atenção também para a importante relação de simbiose que existe entre os povos da Amazônia e a floresta, e destaca que estas comunidades possuem conhecimentos únicos sobre a lógica florestal e seus recursos naturais, decorrentes de milhares de anos de práticas e saberes ancestrais que lhes permitiram viver de modo sustentável.
Além disso, para aqueles que desejam investir sendo agentes de transformação, o desafio está em criar aparatos para que estas pessoas possam se desenvolver e gerar riquezas a partir da bioeconomia como ferramenta de impacto social e positivo tanto para o ecossistema como para seus moradores.
Biodiversidade e tecnologia
Baseando-se nestes ativos florestais os negócios que vêm se desenvolvendo na região buscam construir modelos que integram biodiversidade à tecnologia e agregarem valor aos produtos e cadeias produtivas. Por fim, embora o potencial dessa biodiversidade possa ser explorado em setores tão variados quanto a indústria farmacêutica, de cosméticos, automobilística e de saúde, é no setor de alimentos que os pesquisadores enxergam mais oportunidades hoje.
*Foto: Reprodução/br.freepik.com/fotos-gratis/vista-aerea-das-arvores-verdes-vibrantes-na-floresta_17545685