Preço da soja atual tem números já esperados dentro das expectativas de mercado
De acordo com uma análise de mercado da soja feita pelo Portal Agrolink, na última sexta-feira (12), o USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) trouxe números dentro das expectativas de mercado. Confira como ficou:
- A expectativa de produção da safra 2023/24 veio de 163 milhões de toneladas para o Brasil e 122,7 milhões para os Estados Unidos;
- Os volumes de exportações também foram atualizados, com o Brasil em 96,5 milhões de toneladas, e os EUA em 53,75 milhões de toneladas para a safra 23/24;
- A produção global foi estimada em 410,59 milhões de toneladas, contra 370,42 milhões em 2022/23.
Vale destacar que a queda da oleaginosa pode travar negócios no Brasil, o que vem sendo dito desde o começo do ano.
Preço da soja
Além disso, também teve dólar em queda. E, segundo os direcionamentos otimistas pelo Banco Central em relação às taxas de juros brasileiras, somados à queda da inflação norte-americana, resultou em uma queda de 0,40% na moeda norte-americana, fechando a semana valendo R$ 4,92.
Sendo assim, diante deste cenário, o contrato com vencimento em maio/23 finalizou a semana sendo cotado a U$ 14,35 o bushel (-2,31%) e o contrato com vencimento em julho/23 encerrou a U$ 13,89 o bushel (-3,34%).
E com a queda do dólar junto às desvalorizações de Chicago, a semana para a soja fechou com leves quedas em relação à semana anterior.
Todavia, pelo fato de a oleaginosa ser cotada em dólar, qualquer variação na taxa cambial tem um impacto direto no preço. É o que vem ocorrendo desde o início do ano, com o real se valorizando 5% frente a moeda americana e ajudando a derrubar o preço do grão no mercado interno.
Cotação da saca
Por outro lado, a cotação da saca da soja chegou a R$ 142 em Paranaguá, um recuo de 24% frente ao preço praticado em junho de 2022.
A cotação da soja no Porto de Paranaguá caiu 24% entre junho de 2022 e abril deste ano, conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). O preço da saca de 60 quilogramas do grão chegou a R$ 142 e não há perspectiva de alta em um curto prazo, o que tem preocupado os produtores.
Já na Bolsa de Chicago, principal mercado global de negociação da commodity, os contratos futuros para maio de 2023 caíram quase 10% entre fevereiro e março. As vendas previstas para setembro recuaram 7,5% nos últimos 60 dias, e o movimento de baixa também foi acompanhado pelos contratos futuros negociados na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
Razões para a queda no preço da soja
Os produtores de soja estão vivendo uma “tempestade perfeita”. Após uma lavoura com custos altos de insumos e fertilizantes, a cotação do grão vem apresentando constantes quedas. Entender a razão da baixa no preço pode ajudar a encontrar futuras janelas de negociação, caso a situação se reverta.
Safra recorde
Mas, apesar dos problemas climáticos no Rio Grande do Sul, a soja brasileira deve ter uma safra recorde, com 153 milhões de toneladas produzidas, segundo estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Além disso, a área plantada nos Estados Unidos aumentou e deve gerar 123 milhões de toneladas do grão.
Comercialização atrasada
Por outro lado, a comercialização antecipada da safra 2022/2023 está atrasada em relação às temporadas anteriores, o que corrobora para uma maior disponibilidade do grão no mercado. Até o início de abril, apenas 30% do volume foi negociado, enquanto a média dos anos anteriores para o mesmo período foi de 40% a 45%.
Competição logística
Contudo, o atraso na comercialização do grão aumentou a competição pela infraestrutura logística, que tem demonstrado ser insuficiente para escoar todos os produtos agrícolas brasileiros ao mesmo tempo. Com isso, a soja deve estar competindo com o frete para a cana-de-açúcar e com o milho, que também devem registrar aumento de produção nessa safra.
Demanda chinesa
A China é o maior consumidor de soja do mundo. Entretanto, as importações chinesas no primeiro trimestre de 2023 ficaram 5% abaixo em relação ao mesmo período do ano passado. O país passa por um novo surto de peste suína africana (PSA), com 18 das 31 regiões administrativas registrando casos da doença, o que pode frear ainda mais a demanda chinesa.
Projeções para o 2º semestre
Os preços da soja devem seguir em queda no segundo semestre. Mesmo assim, o produtor pode esperar um cenário mais favorável para o início da safra 2023/2024, principalmente da curva de queda de fertilizantes e defensivos agrícolas. Isso deve contribuir para a recuperação das margens, que foram estreitadas durante a temporada atual.
Por fim, a quebra de safra na Argentina vai abrir caminho para o farelo e para o óleo de soja do Brasil. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) espera um recorde de produção em 2023, com 51 milhões de toneladas na soma dos dois subprodutos, um avanço de 4% frente ao ano anterior.
*Foto: Reprodução/Unsplash (Thomas Kinto – https://unsplash.com/pt-br/fotografias/y-hLxayf194)